Do Povo — O presidente do Fortaleza, Alex Santiago, se pronunciou de maneira direta sobre o atentado sofrido pela delegação do clube após a partida diante do Sport, pela Copa do Nordeste. Classificando o ataque como “uma tentativa de homicídio”, o mandatário avisou que apresentará no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) uma notícia de infração e também pediu a interdição da Arena Pernambuco sob o argumento de “ausência de condições de acessibilidade ao estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida”.
Na madrugada da última quarta-feira, após o empate diante do Sport, o ônibus utilizado pela delegação do Fortaleza foi atacado com pedra e bomba após saída do estádio por parte de uma torcida organizada do Leão da Ilha. Ao todo, seis atletas do Tricolor do Pici ficaram feridos, sendo que o goleiro João Ricardo precisou levar seis pontos na cabeça e o defensor Escobar sofreu um trauma cranioencefálico, acompanhado de um ferimento de 13 pontos e machucados no supercílio e na boca.
Em nota, Alex Santiago ressaltou que o atentado ocorreu contra “todos os que fazem profissionalmente o futebol no país, um futebol que diz querer evoluir, que diz querer saltar de patamar e tentar mirar o exemplo do futebol europeu, mas que ainda não consegue sequer dotar de segurança os profissionais envolvidos em um jogo de um campeonato profissional”.
Confira nota completa:
Ontem, as bombas e pedras não foram lançadas apenas contra o Fortaleza EC. Ontem, as bombas e pedras foram lançadas contra todos os que fazem profissionalmente o futebol no país (atletas, dirigentes, staff, torcedores e apoiadores), um futebol que diz querer evoluir, que diz querer saltar de patamar e tentar mirar o exemplo do futebol europeu, mas que ainda não consegue sequer dotar de segurança os profissionais envolvidos em um jogo de um campeonato profissional.
O que fizeram ontem, contra o Fortaleza EC, poderia ter tido consequências muito piores do que vários atletas feridos (como o que aconteceu). Ontem, poderíamos ter tido mortes de pessoas que saíram de casa, que deixaram os seus lares e suas famílias para a disputa de uma partida de futebol. Não foi uma mera agressão, foi “, um ato que pelo modus operandi utilizado, poderia ter sido enquadrado como ato terrorista, nos termos da Lei 13.260/2016.
Ontem, um dos clubes que é símbolo brasileiro de gestão desportiva dedicada e inovadora foi vítima daquele futebol brasileiro arcaico: o futebol em que se acha que o jogo é vencido hostilizando rivais e tratando adversários como inimigos.
O Fortaleza apresentará notícia de infração ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva, não apenas relatando os atos gravíssimos havidos ontem, mas também solicitando a interdição da Arena em que ocorreu a partida (pela ausência de condições de acessibilidade ao Estádio que garantam a segurança dos envolvidos na partida) e requerendo à Procuradoria do Tribunal a tomada das medidas mais duras que sejam cabíveis contra os responsáveis pela garantia da segurança do evento, bem como da incolumidade física da equipe adversária.
Que a punição seja exemplar e seja um divisor de águas na tão sonhada modernização do nosso futebol. Não nos calaremos! A rivalidade pode ser vivida sem inimizade. Acredito no futebol como um esporte de cavalheiros, decidido dentro do campo, com muita paixão, mas com muito respeito ao adversário. Que o que ocorreu ontem, faça com que todos reflitam sobre quem será protegido ao final dessa história: o futebol brasileiro que quer dar certo ou o futebol brasileiro que nunca deu certo.