Valdelir João de Souza, apontado pelo Ministério Público do Mato Grosso (MP-MT) como mandante de uma chacina ocorrida na cidade de Colniza (MT), continua criando gado e vendendo para empresas gigantes frigoríficas mesmo estando foragido da Justiça.
Segundo reportagem de André Campos, do Repórter Brasil, e Dom Philips, do The Guardian, durante o ano de 2018, o rebanho de Souza era “transferido” para outras fazendas e, minutos depois, revendido para a Friboi e a Marfrig.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam que pode ter havido o que se chama de “lavagem de gado”: a transferência do rebanho de uma fazenda com desmatamento ilegal para uma propriedade “ficha-limpa” para encobrir os crimes da fazenda original e vender para frigoríficos.
Segundo a matéria, isso ajuda a “driblar” tanto o compromisso com o “desmatamento zero” pactuado pelas gigantes frigoríficas brasileiras, quanto o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) da Carne, de 2009, em que as empresas se comprometem a não comprar de fazendas acusadas de desmatamento ilegal e trabalho escravo.
Por meio de imagens de satélite, é possível observar que a fazenda Três Lagoas, de Souza, praticou invadiu a mata em 2015 – data posterior ao TAC -, o que impossibilitaria a compra por parte dos frigoríficos que assinaram o termo.
Além do dano ambiental e de outras irregularidades fundiárias, Valdelir João de Souza foi denunciado por homicídio triplamente qualificado após ser apontado pelo MP como o mandante de uma das maiores chacinas já registradas na Amazônia, que deixou 9 nove mortos em 2017.
Ele teria contratado um grupo de “encapuzados” para matar os trabalhadores rurais por conta de disputas de terras. Souza chegou a ter prisão preventiva decretada, mas nunca se entregou.
Em entrevista aos jornalistas, o procurador Daniel Azeredo, um dos incentivadores do PAC, afirmou que o dispositivo também proíbe “compra de gado de pessoas condenadas por assassinatos que estejam relacionados a conflitos por terra”.
A JBS, dona da Friboi, classificou como “irresponsável” vincular a empresa ao pecuarista foragido e disse que ele nunca esteve entre seus fornecedores. Já a Marfig afirmou que cruza as informações dos rebanhos comprados para evitar compras de fazendas irregulares.
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