Falando na Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, nesta quinta-feira, Leblanc, chefe do Conselho Presidencial de Transição do Haiti, descreveu seu país como “a grande vítima de uma injustiça histórica que atrasou seu desenvolvimento e sobrecarregou seu povo”.

“Essa dívida tem sido uma penalidade injusta que sufocou o potencial do povo haitiano por gerações”, disse Leblanc ao plenário da ONU. O Haiti, afirmou ele, “não busca caridade, mas justiça, respeito por sua dignidade e por seu direito a uma existência digna e próspera”.

Ao pronunciar a palavra “dignidade”, Leblanc ergueu uma grande jarra d’água e tentou beber dela, derramando o líquido sobre seu terno no processo.

Ele se recuperou rapidamente, no entanto, e continuou a exigir reparações da França, ex-metrópole colonial do Haiti. O Haiti, afirmou, busca “a implementação de reparações justas e apropriadas, que possibilitarão ao nosso povo libertar-se das correntes invisíveis desse passado injusto.”

Leblanc estava se referindo a uma dívida imposta ao Haiti pela França em 1825, duas décadas após uma revolta de escravos ter encerrado o domínio de Paris sobre a nação caribenha. Segundo o acordo, o Haiti foi obrigado a pagar à França 150 milhões de francos em cinco parcelas anuais, em troca de reconhecimento diplomático e como compensação para Paris pela perda de sua colônia mais produtiva.

No entanto, o impactante discurso teve menos repercussão do que os memes que viralizaram nas redes sociais, especialmente no X, a plataforma do bilionário de extrema-direita Elon Musk.