Uma garrafa de plástico vazia vem agitando o futebol espanhol desde o último sábado. Logo após o gol de Lionel Messi, que decretou a vitória do Barcelona sobre o Valencia, no Mestalla, um torcedor valenciano de 17 anos, irritado com a celebração dos atletas adversários, atirou a garrafa d’água e acertou o brasileiro Neymar. Outros atletas também fizeram gestos de dor, enquanto Messi respondeu com xingamentos aos rivais. A partir daí, teve início uma verdadeira guerra midiática, com acusações, ofensas e punições.
Desde o início, o Valencia prometeu punir o torcedor que atirou a garrafa, mas ressaltou as provocações feitas pelos atletas do Barcelona. Um vídeo gravado na arquibancada deixou claro que Neymar se dirigiu aos valencianos, com xingamentos, antes de ser atingido. Sua reação à agressão –ficar caído no gramado, como se estivesse sentindo muita dor – e, sobretudo, a de seus companheiros, Javier Mascherano e Luis Suárez – que não foram acertados em cheio, mas também fizeram gestos de dor – foram bastante criticadas.
Uma opinião em especial causou grande repercussão. “Parecia um jogo de boliche. Sentiram a água. Todos vimos as imagens. Milhões de crianças estavam assistindo. Se meus filhos vissem eu fingindo ou algo parecido, teria vergonha de vê-los depois”, afirmou Javier Tebas, o presidente da liga espanhola, em entrevista à emissora espanhola SportYou.
O vice-presidente do Barcelona, Jordi Mestre, respondeu com firmeza. “Eu estava em Valencia e poucas vezes, para não dizer nenhuma, vi um ambiente tão hostil. O que Tebas deveria fazer é evitar a violência nos estádios e não atacar os jogadores que são quem dá espetáculo e que permitem vender a Liga na China, na Ásia ou nos Estados Unidos”, disse, em entrevista à emissora TV3.
Punição – Nesta quarta-feira, o Comitê de Competição da Liga colocou ainda mais lenha na fogueira ao divulgar a resolução sobre o incidente. O Valencia foi multado em 1.500 euros (aproximadamente 5.100 reais). A federação ainda alertou que poderá obrigar o time a jogar com os portões do Mestalla fechados, caso um incidente similar ocorra novamente.
Mas apesar de dizer que “nada justifica uma reação violenta dos torcedores”, a Real Federação Espanhola condenou o comportamento dos jogadores do Barcelona, principalmente a “reação exagerada” dos atletas após a garrafada. “O referido comportamento pouco exemplar de alguns jogadores do Barcelona os desqualifica e ridiculariza por si só”, diz a resolução.
O Barcelona respondeu com um comunicado oficial de repúdio. “O Comitê transforma em culpados as vítimas de comportamento claramente condenável e expressado de várias maneiras antes, durante e após o jogo: linguagem ofensiva, insultos ao árbitro por pessoas e meios que pertencem ao Valencia CF, lançamento de objetos”, diz o comunicado.
“A Comissão cria um clima hostil e, em alguns casos até violento, levando a uma agressão contra jogadores do FC Barcelona, que só podem reagir expressando indignação com os acontecimentos que têm de suportar”, completou o Barcelona, em outro trecho. O Real Madrid lidera a liga espanhola com 21 pontos, seguido pelo Sevilla (20) e Barcelona (19).