Geração de 1997 ganha espaço na seleção brasileira e suporte de ‘veteranos’ de 1992

Neymar, de 27 anos, é experiente que abre caminho para chegada de Richarlison, de 22

Neymar, de 27 anos, é experiente que abre caminho para chegada de Richarlison, de 22 Foto: MAURO PIMENTEL / STF
Bruno Marinho e Igor Siqueira

Há uma convergência de gerações na seleção brasileira que se prepara para a Copa América. Dois quartetos de jogadores nascidos em 1992 e 1997, de forma mais representativa, encontram-se com a missão de fazer com que o Brasil volte a conquistar um título.

O grupo de 1992, aos 27 anos, é a espinha dorsal do time: começa com o goleiro Alisson, passa pela consistência defensiva de Casemiro no meio-campo, avança com a criatividade de Coutinho e culmina com a excelência de Neymar.

A turma de 1997 (22 anos) está cheia de calouros e se concentra no setor ofensivo. Gabriel Jesus, prodígio, chegou mais cedo, ainda nas Eliminatórias para a Copa da Rússia. No atual ciclo, juntaram-se a ele Richarlison, Paquetá e, por último, David Neres. Pelo que foi indicado em um dos treinos da semana, os quatro têm chance de começar jogando o amistoso de quarta-feira, contra o Qatar, em Brasília.

— Todos me recepcionaram muito bem, conversam comigo. Até me sinto um deles já. É fantástica a recepção que eles tiveram comigo — contou David Neres.

Os cinco anos de diferença na idade impactam automaticamente na bagagem que cada grupo carrega. Enquanto os nascidos em 1992 acumulam 212 jogos pela seleção, os novatos de 1997 chegam à Copa América com 40 jogos — Gabriel Jesus, sozinho, tem 27.

Olhando para cenário não muito distante de renovação na seleção brasileira — passagem de bastão entre as Copas de 2006, 2010 e 2014 —, o surgimento de jogadores desse porte deixa a expectativa para que o grupo da Copa de 2022 não seja tão inexperiente como em 2014, por exemplo. No ataque, ficou evidente o declínio na sequência que teve Ronaldo, Adriano, Luis Fabiano e Fred.

Hoje, as gerações 1992 e 1997 são as mais representativas da seleção. A distância entre elas é preenchida por outros expoentes de turmas não tão talentosas: Marquinhos (1994), Arthur e Everton (ambos de 1996).

— A gente se entende, aqui é uma equipe. Sempre procuramos estar reunidos. A nossa equipe é jovem, mas se dá muito bem — disse Richarlison, favorito para começar a Copa América como titular, na ponta direita.

Gabriel Jesus, que perdeu para Éder Militão, de 21 anos, o status de mais novo da seleção, é um elo entre as duas gerações. O desenvolvimento precoce do atacante (que esteve no Mundial sub-20 de 2015) o levou para a seleção olímpica em 2016, ao lado de Neymar. O entrosamento deu certo em um passado recente, e a busca no momento é pela repetição disso.

História da base

As duas turmas aplicadas do “professor” Tite têm alunos que se conhecem de outros tempos na base. A diferença é que uma teve resultado expressivo e a outra não.

Com Neymar e Casemiro representando 1992, a seleção sub-20 foi campeã do Sul-Americano em 2011. Neymar não foi liberado para o Mundial daquele ano, mas Coutinho estava lá, e o Brasil foi campeão. Aquele time tinha Allan e Alex Sandro — que nasceram um ano antes que os outros, em 1991, e estão no grupo atual da Copa América.

— É uma coisa boa depois de tanto tempo nos encontrarmos na seleção hoje, com mais experiência. É algo que conseguimos aproveitar — afirmou Allan.

No Sul-Americano de 2017, a geração 1997 não se classificou para o Mundial, amargando o quinto lugar. Paquetá, David Neres e Richarlison ainda não tinham amadurecido o suficiente. Para a Copa América, a projeção é outra. Respaldados por Tite, que corre atrás do novo acerto ideal para a seleção, quem sabe eles assumam até o protagonismo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *