Golpes inaceitáveis no Brasil
Por Jorge Serrão
Toda vez que a situação política e institucional chega ao extremo no Brasil da Impunidade, da Ilegalidade e da Ilegitimidade, os bastidores criminosos da politicagem voltar a articular o “golpe do parlamentarismo”. Nas atuais condições estruturais do Estado Capimunista Rentista Corrupto do Brasil, a discussão do tema se transforma em puro cinismo oportunista. Como implantar o regime parlamentarista no País em que a classe política, além de desqualificada e sem representatividade efetiva, figura na ponta de lança das ações criminosas?
Parlamentarismo só será uma ideia possível e bem vinda se houver uma reforma política profunda no Brasil. Só dá para levar a sério o assunto a partir da implantação do voto distrital, combinado com distrital misto. Além disso, é necessária uma eleição absolutamente transparente, admitindo-se até o sistema de votação eletrônica, desde que seja possível uma impressão de voto para posterior recontagem pela fiscalização dos cidadãos. Outros requisitos fundamentais para o parlamento ganhar legitimidade: fim do voto obrigatório; possibilidade do lançamento de candidaturas avulsas dos cidadãos, desvinculadas dos partidos e uma profunda reformulação do sistema partidário (verdadeiro saco de gatunos) no Brasil.
Discutir parlamentarismo de forma simplista, no atual cenário de degradação promovida pela canalhice dos políticos, é puro golpe. Da mesma forma como tem clara intenção golpista as manobras no Congresso Nacional e nos partidos (aliados e de oposição) para forçar uma renúncia da Presidenta Dilma Rousseff. Curiosamente, o movimento é capitaneado por aqueles que ajudaram a eleger a Dilma, e não pela oposição de mentirinha. Não existe a menor chance de Dilma renunciar, como ela mesma fez questão de repetir exaustivamente ontem (até se confundindo que seria impossível “que eu me renuncie”).
Analisando friamente, até os pedidos de impeachment contra Dilma se revestem de um caráter ocultamente golpista. Principalmente, quando o processo é liderado por partidos e políticos que dividem a aparelhagem e rapinagem da máquina estatal, junto ou misturado com o PT, desde a implantação da ilegítima Nova República de 1985 – que já nasceu com um “golpe militar” do General Leônidas Pires Gonçalves, colocando na Presidência da República quem não tinha o menor direito e legitimidade de assumir: José Sarney – um dos maiores parceiros da petelândia e aliados. Eles querem impedir a Dilma e colocar, no lugar dela, Michel Temer. Se isto não for possível, negocia-se o tal “parlamentarismo”, sob controle da mesma turminha da pesada. Fale sério…
O Brasil caminha para uma gravíssima ruptura institucional. Está bem escancarada uma guerra dos poderes executivo e legislativo contra o judiciário. As reações tentem a ser violentas por todas as partes envolvidas. Vencerá quem tiver mais condições objetivas de promover abusos explícitos de poder. A quantidade de políticos com problema judiciais é muito grande e pode aumentar ainda mais. Parlamentares tentarão formular leis e mudar regras para dificultar a ação do ministério público e dos magistrados. O debate, se tiver tempo de ocorrer, poderá dar uma gigantesca contribuição para conter as ações deletérias e ilegítimas das várias “gestapos” brasileiras.
A situação institucional brasileira nunca esteve tão perigosa quanto agora, quando o fogo da crise política é alimentado por uma crise econômica que tende a ser a mais brutal da nossa História. Assistindo a tudo de camarote, o quarto poder, o militar, não vai se meter na confusão. Simplesmente porque a maioria dos generais não quer sair da zona de (nem tanto) conforto. A única possibilidade concreta de ação direta dos militares é se a guerra entre os três poderes redundar em ondas de radicalização e violência que fujam do controle.
Domingo, certamente com chuva forte na maioria das cidades, teremos grandes manifestações contra o Lula, a Dilma e tantas outras coisas de errado no Brasil que briga contra si mesmo para nunca dar certo. No dia seguinte, uma coisa é certa: Lula não vai mais sentar diante do juiz Sérgio Moro. O pecuarista José Carlos Bumlai, comprovando que é realmente amigo dele, poupou Lula se ser sua testemunha de defesa. Assim, Lula continuará conspirando, ainda livre, leve e solto, para deixar tudo do mesmo jeito que está para si e seu messiânico partido que deita e rola na corrupção.
Não basta o gigante acordar novamente neste domingo. Ele precisa definir o que vai fazer para mudar as coisas erradas por aqui. Por enquanto, os brasileiros continuam perdidos. Nenhuma proposta de solução tem hegemonia para ser implantada no curto prazo. Assim, nossa crise estrutural ameaça e promete seguir em frente, sob risco de promoção de novos golpes inaceitáveis no Brasil. Eis a realidade dura, nua e crua…