Governo coordenará ações de proteção às famílias do Assentamento Olga Benário, do MST, a partir desta segunda

Tragédia que vitimou dois assentados mobiliza Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e reacende debate sobre segurança no campo

A ministra Macaé Evaristo visitou o acampamento do MST
A ministra Macaé Evaristo visitou o acampamento do MST (Foto: Divulgação / Agência Gov)
O Assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), localizado em Tremembé (SP), foi palco de uma tragédia na noite da última sexta-feira (10/01): oito pessoas foram atingidas por disparos de arma de fogo, resultando na morte de duas delas. De acordo com informações divulgadas originalmente pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), a ministra Macaé Evaristo esteve, neste domingo (12/01), no local para prestar solidariedade às vítimas e suas famílias durante o velório das duas pessoas mortas no ataque.

A partir desta segunda-feira (13/01), o MDHC coordenará ações de proteção e assistência aos assentados, por meio do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). A equipe do programa prestará atendimento individualizado para ouvir as demandas de cada família e definir medidas preventivas e de segurança, como a instalação de câmeras de monitoramento. “Primeiro, queremos prestar nossa solidariedade, mas também procurar entender um pouco mais do que aconteceu. A partir de amanhã, ouviremos cada família para que a gente possa organizar uma agenda que garanta a proteção coletiva da comunidade”, afirmou Macaé Evaristo durante o velório em Tremembé.

No ataque, Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos, e Valdir do Nascimento, de 52, perderam a vida imediatamente. As outras seis vítimas foram encaminhadas para o Hospital Regional de Taubaté, onde a ministra também realizou uma visita na tarde de domingo. Para o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Paulo Teixeira, o crime é gravíssimo e exige respostas imediatas: “São assentados da reforma agrária, pacíficos, e que estavam dentro de sua área. Os criminosos violentamente invadiram o território e atiraram contra oito pessoas. O que a gente espera, agora, é que este crime seja esclarecido e que os assentados sejam protegidos”.

Investigação e ampliação de proteção

Segundo a chefe da pasta de Direitos Humanos, não havia denúncias anteriores sobre ameaças no assentamento Olga Benário, mas a comunidade passa a integrar o PPDDH após o ocorrido. “Ninguém aqui tinha ciência de ataque, nem do grupo de atiradores, tanto que este grupo não faz parte do nosso programa de proteção, mas passará a fazer a partir deste episódio”, declarou Macaé. Para o coordenador-geral do PPDDH, Igo Martini, o objetivo agora é estabelecer um canal de diálogo com a comunidade e com os órgãos competentes por conflitos agrários. “O primeiro passo é o trabalho que a nossa Ouvidoria vai fazer, de articulação com os órgãos competentes por conflitos agrários e nós, do Programa de Proteção, vamos ouvir todas as pessoas envolvidas e que, por acaso e infelizmente, possam estar em risco”, ressaltou.

O MDHC aguarda o andamento das investigações policiais para se pronunciar sobre a possível existência de um grupo organizado por trás do ataque. “Qualquer coisa que a gente fale neste momento também é um pouco especulativo, e a gente não quer isso. Queremos uma devida apuração e a responsabilização de quem está por trás disso tudo, se é que há uma organização por trás também”, pontuou a ministra.

Mobilização e homenagem às vítimas

Estimativas apontam que cerca de 40 pessoas possam ter participado da ação criminosa, o que aumenta a preocupação da comunidade local. Gilmar Mauro, membro da direção nacional do MST, declarou que uma missa de sétimo dia e um ato político em memória dos assentados ocorrerão no próximo sábado (18/01), às 9h, no próprio assentamento. “É nossa obrigação fazer ocupação de terra e fazer a reforma agrária através da luta popular. Queremos convidar todas e todos aqui presentes para exigir, efetivamente, uma investigação e a punição dos responsáveis por esses assassinatos”, afirmou. Além disso, famílias de assentamentos de todo o país foram convocadas a plantar, cada uma, duas árvores em homenagem aos falecidos.

Enquanto isso, a comunidade aguarda as próximas etapas de assistência e proteção do governo. A expectativa é que as medidas coordenadas a partir desta segunda-feira (13/01) sejam capazes de garantir segurança e tranquilidade aos trabalhadores rurais do Assentamento Olga Benário.

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