Governo estadual acha que ACM Neto pode ser candidato do DEM em 2014
A estratégia do prefeito ACM Neto (DEM) de sugerir o adiamento da definição do candidato a governador das oposições para o ano que vem a fim de evitar desgastes desnecessários ao escolhido recebeu uma outra interpretação por parte da articulação política do governo estadual. Na avaliação de políticos próximos ao governador Jaques Wagner, no fundo o democrata quer atrasar a escolha da candidatura por achar que ele próprio pode assumir o desafio de disputar a sucessão.
O que levanta a suspeita entre os governistas é o fato de ACM Neto continuar liderando, com muitos pontos à frente, as pesquisas de intenção de voto às eleições estaduais de 2014 e estar com muito boa avaliação na população da capital. Eles acreditam que, apesar de vir firmando o compromisso público de não renunciar à
Prefeitura para entrar na disputa, como um bom político ACM Neto não poderia fechar os olhos para um cenário que lhe é tão favorável. Por esta interpretação dos governistas, prorrogando o período de escolha do candidato para após o Carnaval, o prefeito teria, além de tempo para avaliar como proceder, principalmente com relação ao enigma de sua vice, a desconhecida Célia Sacramento (PV), no caso de renunciar, um nível muito mais confiável de informação, oferecido pelas próprias sondagens de opinião, sobre os riscos de efetivamente lançar-se à sucessão estadual.
No grupo mais próximo do prefeito, o assunto deixou de ser abordado publicamente desde que ele passou a reagir com firmeza a qualquer especulação de que poderia ser candidato. A mesma percepção se espalha entre os partidos e os pré-candidatos de oposição que orbitam em torno do prefeito. Pelo mesmo motivo, já há algum tempo a possibilidade de Neto assumir a candidatura deixou de ser um assunto entre eles.
Situação é a mesma de João Henrique
A situação do prefeito ACM Neto com relação às eleições de 2014 é, guardadas as proporções, muito parecida com a do então prefeito João Henrique (PSL), em 2006. Naquele momento, recém-eleito prefeito da capital contra o grupo então governista do senador ACM, João Henrique aparecia disparado nas pesquisas de intenção de voto ao governo, enquanto o na época deputado federal petista Jaques Wagner apenas claudicava. João era a novidade que havia conseguido vencer o carlismo em Salvador, com cuja população estava em lua de mel. O medo do risco de renunciar ao mandato como prefeito e perder as eleições para o governo o fez recuar no interesse de disputar as eleições contra o então governador Paulo Souto, apesar dos estímulos que recebia principalmente do seu círculo mais íntimo, interessado em conquistar mais poder.
Consta que, de posse dos números que o separavam absurdamente do prefeito, Wagner chegou a consultar João Henrique sobre seu interesse na eleição a fim de “generosamente” abrir mão da disputa para apoiá-lo. João Henrique vacilou, a campanha prosseguiu e, provando que o campo estava aberto para um nome da oposição, qualquer que fosse ele, Wagner continuou na corrida e venceu a eleição ao governo.
Entretanto, o fato de fontes do DEM ter dado em off à imprensa de Brasília, na semana passada, a informação de que Paulo Souto será candidato pelo partido, mas só vai anunciar a decisão publicamente depois do Carnaval, teria praticamente consolidado a idéia de que ACM Neto está definitivamente fora do páreo, gerando projeções para a formação de uma chapa liderada pelo ex-governador que teria como vice o atual candidato do PSDB, João Gualberto, e como nome ao Senado o peemedebista Geddel Vieira Lima.
Dos três, Geddel é o único que se coloca frontalmente contrário à tese do prefeito de que o lançamento do candidato oposicionista pode aguardar mas, pelo que se tem percebido, foi voto vencido frente a liderança assumida por Neto sobre todo o grupo.
Fonte: Tribuna