Grupo alerta para desastre com extinção de reserva

Contra o decreto de Temer, que por ora está suspenso, ativistas se reuniram no Marco Zero

Chico Peixoto/LeiaJáImagens Chico Peixoto/LeiaJáImagensUm protesto pacífico em prol de alertar a população pernambucana sobre o decreto assinado pelo presidente Michel Temer (PMDB), que extingue a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca), uma área rica em minérios na Amazônia. Foi essa causa que mobilizou, neste sábado (2), no Marco Zero, área central do Recife, estudantes, engenheiros, médicos, e outros profissionais interessados em cuidar do meio ambiente.

O grupo, além de participar de oficinas e outras atividades como pinturas de camisas com a frase #EuLutoPelaAmazônia, também orientam curiosos que passam pelo local sobre o assunto. O biólogo e diretor do projeto Trilogiabio, André Maia, conta que a área, alvo de Temer, fica justamente no coração da Amazônia. “Viemos para informar a população o que é esse decreto e o que é essa área. Uma área de aproximadamente 47 mil km², o que equivale ao território da Dinamarca e aí o presidente assinou fazendo com que a Renca fosse extinta. As pessoas estão dizendo que ele revogou, mas ele não revogou, ele apenas suspendeu. Suspender não é revogar”, avaliou.

O biólogo conta que o grande problema, caso a área seja liberada, é um impacto ambiental e até mesmo um desastre como o que aconteceu no município de Mariana, em Minas Gerais, há quase dois anos, onde a barragem de uma mineradora rompeu. “Causando um grande impacto irreversível no Rio Doce eliminando toda forma de vida silvestre, se isso acontece no coração da Amazônia, a proporção é mil vezes maior. Isso pode dar um mecanismo de desequilíbrio ecológico muito grande e irreversível não só para o Brasil, como para a Amazônia. A floresta amazônica controla a temperatura praticamente de uma boa parte de alguns países. Não posso falar global, mas isso pode gerar algo irreversível”, alertou.

Maia disse que o interesse político de Temer é o de que a economia no Brasil precisa ser reerguida. “E, para isso, a exploração do minério na grande reserva natural. Diz que vai fazer como que tenha geração de emprego, investimento e aí aumentar a questão da economia, só que o Brasil é muito rico, ele tem muitas coisas que podem ser feitas para poder levantar a economia. Primeiro, acabar com a corrupção. Esse seria o ponto inicial, mas é muito mais fácil a gente ir para o lado mais simples da coisa do que acabar com a corrupção que existe em nosso país. Estão dizendo que vão tirar da forma mais honesta possível e dizem que vão respeitar todas as partes que estão reservas 100% de proteções e as terras indígenas estão dizendo que não vão mexer”, frisou.

“Também alega (governo federal) que já existe a ação clandestina de mineradores na região, mas é preciso tentar fiscaliza. Eu sei que é muito difícil conseguir fiscalizar porque é um território muito grande, mas não se pode justificar um erro com outro. É preciso orientar a população do que é esse decreto para que a gente possa conseguir cada vez mais soldados nessa causa”, declarou.

Ele acredita que é possível revogar o decreto. “Temer já começou suspendo porque teve uma repercussão negativa mundialmente. As redes sociais é um meio de comunicação muito forte, então como foi muito inciso, começou a suspensão. Tem um jeito sim de revogar, inclusive estão querendo colocar em discussão, mas não vão abrir para a população, mas mesmo assim o povo já sinaliza o que está querendo”.

Para o coordenador do Greenpeace, Thiago Marinho, ressalta que o ato representa um protesto contra a decisão de utilizar a Amazônia “como palco” de investimentos estrangeiros e exploração mineral. “O Brasil já tem áreas que suprem mais cinquenta anos para o futuro, então não é necessário fazer uma medida como essa de utilizar a Amazônia como novo palco econômico de investimentos estrangeiros como a China e outros países”, pontuou.

Ele também alertou para problemas que podem acontecer na região. “Um grande empreendimento ali pode acontecer a mesma coisa que no município de Mariana, em Minas Gerais, é algo que a gente não quer que aconteça. O ato justamente é para inibir a ajudar o povo da região Norte de fortalecer o movimento e não permitir que o governo faça o que bem quer com a Amazônia”.

 

“O poder público tem que escutar a população, os movimentos ambientais e saber a melhor proposta para a utilização de recursos naturais conscientes. É uma medida que vai contra legislação porque o Brasil perde investimento com isso. Ele ganha até investimento se preservar a natureza. O Brasil está perdendo esse olhar do investimento pelo lado ambiental. O Brasil não precisa de mais áreas de destruição e, sim, de conservação. Não tem necessidade disso”, finalizou Marinho.

 

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