Por Juliana Albuquerque
Depois de o presidente Lula ter pisado na bola ao afirmar, no mês passado, que seu Governo não deve cumprir a meta fiscal no próximo ano, o mandatário deu uma trégua ao seu superministro da Fazenda, Fernando Haddad, defensor ferrenho da meta zero.
Ao vetar, na quinta-feira (23), a desoneração da folha de pagamento de 17 setores, em vigor desde 2011, Lula sinalizou estar de ouvidos abertos para o ministro da Fazenda, que orientou o chefe do Executivo Nacional a vetar a desoneração da folha por mais quatro anos. O veto total, inclusive, já foi publicado em edição extra do DOU (Diário Oficial da União) de quinta.
Com isso, a desoneração segue até 31 de dezembro deste ano. Contudo, como foi aprovada por grande maioria tanto na Câmara quanto no Senado, a alegria do ministro da Fazenda não deve durar muito tempo, pois é quase certo que o veto seja derrubado sem dificuldades pelo Congresso.
Mas, independente desse desfecho, que é o mais provável que aconteça, uma coisa é certa: ao fazer o que seu superministro orientou, Lula sinaliza para Haddad e sua equipe econômica uma grande vitória.
O Projeto – A proposta do projeto de lei, aprovado pelo Legislativo no mês passado, era manter a contribuição para a Previdência Social dos setores intensivos em mão de obra entre 1% e 4,5% sobre a receita bruta. Essa política beneficia principalmente o setor de serviços. Antes de 2011, a contribuição correspondia a 20% da folha de pagamento.
Justificativa ao veto – Ao justificar a necessidade do veto à desoneração da Folha até 2027, o ministro da Fazenda mostrou a Lula um parecer da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que afirma que a reforma da previdência veda qualquer prorrogação de benefício. Além disso, a Advocacia-Geral da União (AGU) tem uma avaliação na mesma direção, sinalizando a inconstitucionalidade da medida.