Henri Landru, o ‘Barba Azul’, é executado na França

Assassino em série foi apelidado de ‘Barba Azul’ por encontrar suas vítimas por meio de anúncios em jornais, atraindo viúvas com “intenção de matrimônio”
Condenado à morte em 1º de dezembro de 1921, Henri Désiré Landru é guilhotinado na prisão de Saint-Pierre de Versalhes às 06h05 de 25 de fevereiro de 1922. O assassino em série francês foi considerado culpado de ter roubado e assassinado dez mulheres viúvas ou separadas e o filho de uma delas, além de sumir com os cadáveres.

Landru, apelidado de “Barba Azul”, tinha por hábito encontrar-se com suas vítimas por meio de anúncios em jornais, buscando atrair viúvas com “intenção de matrimônio”. Ele as assassinava provavelmente por estrangulamento, depois desmembrava e queimava os corpos das vítimas. Sem os corpos, as vítimas eram listadas como “desaparecidas”, confundindo a polícia.

Retrato de Henri Landru tirado pela polícia francesa, em 1921

Em 1919, a irmã de uma das vítimas de Landru, Madame Buisson, denúnciou seu desaparecimento. Ela não sabia o nome verdadeiro, mas conhecia a aparência do assassino. Com as indicações, a polícia encontrou Landru, mas não conseguiu provar os assassinatos, pois os corpos não foram localizados. Os policiais encontraram somente recortes dos anúncios e as correspondências enviadas e recebidas, inclusive para Madame Buisson. Isso bastou para indiciar Landru.

Landru utilizou numerosos nomes falsos e o mais célebre deles foi o de Monsieur Tartempion (Senhor Fulano de Tal).

Julgamento

Calvo, Landru ostentava uma longa barba negra. Detalhista, esse Casanova de 52 anos que se dizia comerciante de móveis era um maníaco de agendas e fichas. Numa das viagens com uma das mulheres desaparecidas, ele anotou: “trem para Gambais, ida e volta 3,85 francos. Ida simples, 2,40”. Suas anotações trouxeram mais de 100 testemunhas ao tribunal. Em sua imprudência, Landru fez um dossiê para cada uma das 283 mulheres que ele atraiu em cinco anos.

A polícia vasculhou tudo, esquadrinhou o jardim, sondou os charcos e os lagos. Encontrou em meio às cinzas de um pequeno forno doméstico, dentes, pedaços de ossos, botões, mas nada que provasse que esses restos pertenciam a alguma das desaparecidas. Na ausência de testemunhas oculares, a acusação batia contra o muro. Landru tinha uma folha corrida de delitos civis bastante alentada mas isso não fazia dele um criminoso.

No decurso desse rumoroso processo, sobreviventes que sucumbiram ao seu charme mas escaparam do forno, foram ao tribunal.

Defensor de Landru e personalidade da advocacia, Moro-Giafferri, não desmentiu a sua reputação. Estendendo o braço e apontando na direção do fundo da sala, exclamou: “Essas mulheres que o senhor promotor diz que estão mortas vão agora aparecer!” Todas as cabeças, inclusive a dos jurados, voltaram-se para a porta de entrada que permanecia fechada. “Estão vendo? Nem os senhores estão convencidos que essas mulheres estão mortas.” Impávido, o promotor Godefroy contestou: “Todas as cabeças se voltaram, menos a do vosso cliente!”

Sentença

Em 1º de dezembro, o presidente da Corte Criminal de Versalhes pronuncia a sentença de morte. Landru resiste: “Senhor presidente, só tenho a dizer que o tribunal está equivocado!” Fato extraordinário, depois de ter decidido pela pena de morte, os jurados, por unanimidade, dirigem um pedido de graça ao presidente da República, Alexandre Millerand, que a recusa.

No momento de seguir para o cadafalso, Landru esmera-se no personagem, recusando o copo de conhaque e o cigarro que os verdugos lhe oferecem: “Não fazem bem à saúde!”.

Em 1947, Charlie Chaplin adaptou a vida de Landru para o cinema em Monsieur Verdoux. Estreado em abril de 1947 nos Estados Unidos, o filme foi muito mal acolhido pela crítica, porém, teve grande sucesso na Europa. Foi Orson Welles quem deu a Chaplin a idéia de adaptar ao cinema a história real do assassino Landru.

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