Idosa morre após esperar ambulância do Samu por uma hora e meia. Serviço nega

Luis e Ângela: ele ficou na chuva estirado no asfalto esperando atendimento, ela perdeu a mãe
Luis e Ângela: ele ficou na chuva estirado no asfalto esperando atendimento, ela perdeu a mãe 
Bruno Alfano

Sogra e genro, num intervalo de 17 dias, sofreram com a precariedade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Moradora da Ilha do Governador, Maria Adelaide Barbosa da Silva, de 73 anos, morreu, no último dia 13, à espera da ambulância, que nunca chegou. Luis Barbosa, de 49, também na Ilha, ficou sob chuva, anteontem, por uma hora e meia, após sofrer acidente de moto. O serviço de manutenção das ambulâncias do Samu foi interrompido em 18 de novembro por falta de pagamento, segundo a empresa responsável. O Samu nega.

Maria Adelaide: sem socorro
Maria Adelaide: sem socorro Foto: Reprodução

Maria sentiu-se mal naquela manhã de domingo, sofrendo de angina, dor no peito provocada pelo estreitamento de artérias que levam sangue ao coração. A família ligou para o Samu e esperou. Como o socorro não chegou após uma hora e meia, parentes conseguiram um carro emprestado e a levaram ao Hospital municipal Evandro Freire, aonde ela já chegou sem vida.

Já Luis passava em frente ao Cemitério do Cacuia quando bateu em outro veículo e ficou no chão. A ambulância demorou cerca de uma hora e 30 minutos. Nesse tempo, os bombeiros começaram os primeiros socorros no local, onde a vítima ficou tomando chuva no asfalto. Quando o Samu chegou, o levou para o mesmo hospital onde a sogra morreu.

— Dentro da ambulância, o ar-condicionado pingava em cima dele — conta a mulher de Luis, Ângela Ferreira, de 43 anos, que o acompanhou.

Sérgio Loureiro, diretor jurídico da Peça Oil, responsável pela manutenção das ambulâncias, informou que o serviço foi interrompido porque o estado devia R$ 940 mil à empresa. O valor foi pago ontem.

O Samu nega atrasos nos dois casos e diz que as 75 ambulâncias da frota estavam em funcionamento. A corporação promete apurar as ocorrências. Já a Secretaria de Saúde admite que, das 46 ambulâncias de transporte intra-hospitalar, 27 esperam manutenção.

Rodízio em UPAs

Sem ter como pagar a dívida de R$ 1,36 bilhão com fornecedores e prestadores de serviços, a Secretaria de Saúde informou ontem que os hospitais estaduais Rocha Faria, Albert Schweitzer, Carlos Chagas, Getúlio Vargas, de Saracuruna, Azevedo Lima, Alberto Torres, Hospital da Mulher Heloneida Studart, Hospital da Mãe e Melchíades Callazans estão funcionando. Mas os atendimentos são restritos a urgências e emergências.

Para driblar a falta de insumos e médicos, a secretaria criou uma espécie de rodízio de locais de consultas. Diariamente, vem fazendo uma lista de unidades que estão sem atendimento ou com restrições. Ontem, dez UPAs na Zona Oeste e na Baixada deixaram de oferecer serviços de clínica geral e pediatria.

Fonte: Extra

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