O caso será encaminhado ao Vaticano para análise pelo Dicastério para a Causa dos Santos logo após a cerimônia presidida pelo Cardeal Dom Sergio da Rocha, às 10h no Convento do Desterro, onde a religiosa viveu e faleceu.
Ao ser concluída esta fase, o Cardeal Dom Sergio da Rocha remeterá para o Dicastério da Causa dos Santos, na Santa Sé, toda a documentação levantada a respeito da Madre Vitória da Encarnação, além dos testemunhos e dos relatos coletados e analisados pelo Tribunal constituído justamente com esta finalidade. Este Tribunal é formado pelo postulador da Causa da Serva de Deus, frei Jociel Gomes; pelo Delegado Episcopal, cônego Alberto Montealegre; pelo promotor de Justiça, padre Laudimar Oliveira da Silva; pelo notário e pela notária adjunta, Dom Sebastião Rolim e Irmã Violeta, respectivamente.
Vitória da Encarnação, que nasceu em 1661 e entrou para o convento após uma profunda experiência de conversão, dedicou sua vida à caridade, à oração e aos mais necessitados. Suas virtudes, como a humildade e o desapego, além de dons místicos, são frequentemente citadas por devotos que relatam graças alcançadas por sua intercessão. Entre os relatos, há sonhos reveladores e milagres atribuídos à religiosa, que faleceu em 1715, rodeada de fama de santidade.
Entre as virtudes apontadas, em relatos, sobre a Madre Vitória da Encarnação, algumas se destacam. Uma delas era o dom que ela tinha de sonhar com as pessoas necessitadas e, em seguida, enviar ajuda. A Madre também era procurada quando as Irmãs do convento – enclausuradas – recorriam para encontrar objetos perdidos.
Madre Vitória faleceu numa sexta-feira, às 15 horas, em 19 de julho de 1715. No momento de sua morte as religiosas disseram ter sentido uma maravilhosa fragrância de rosas a inundar as dependências do mosteiro. Ao se espalhar a notícia de sua morte, uma grande multidão se aglomerou diante do convento. Logo toda a cidade ficou a saber, pois diziam ter morrido a “santa da Bahia”. Muitos levavam lenços, medalhas, terços e outros objetos e pediam que as religiosas os tocassem no corpo da “santa”. Esses objetos eram guardados por essas pessoas e eram tidos como verdadeiras relíquias. Inúmeros foram os milagres narrados pelos devotos logo após a sua morte. Sendo crescente o número desses supostos milagres, o então arcebispo da Bahia tratou de interrogar as religiosas do Desterro sobre a vida que teve a Madre Vitória. Em 1720, apenas cinco anos após a sua morte, Dom Sebastião Monteiro da Vide publicou, em Roma, a biografia da “santa da Bahia” com o título “História da Vida e Morte da Madre Sóror Victória da Encarnação”.
Os restos mortais da Madre Vitória da Encarnação encontram-se na Igreja do Convento Santa Clara do Desterro, em Salvador, e estão depositados acima de uma das portas que ligam o coro de baixo à nave do templo.
Em 7 de julho de 2019, a Congregação para a Causa dos Santos emitiu o decreto “Nihil Obstat”, autorizando a abertura da causa de beatificação da Madre Vitória, que passou a ser chamada, a partir de então, de Serva de Deus Vitória da Encarnação. Em 19 de novembro do mesmo ano, o então Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, presidiu a cerimônia de abertura do Processo de Beatificação e Canonização da Madre Vitória da Encarnação, apresentando as Comissões que trabalharão no processo, bem como o postulador da Causa, Frei Jociel Gomes, OFMcap.
A documentação levantada durante a fase arquidiocesana será enviada à Santa Sé, onde seguirá os trâmites finais para sua beatificação. A cerimônia de encerramento será seguida por uma missa presidida por Dom Sergio da Rocha. A cidade de Salvador, já conhecida por sua profunda tradição católica, poderá contar em breve com mais uma santa entre seus filhos ilustres.