Impasse entre empresa Biobrax e moradores da zona rural em Sento Sé

Joseildo Silva Gama
Joseildo Silva Gama

Grazzielli Brito – Ação Popular

Há três anos os moradores da Fazenda Campo Largo, zona rural do município de Sento Sé, Bahia, denunciam a empresa Biobrax S/A por grilagem e acusam a empresa de tentativa de expulsão. Com o ‘boom’ da energia eólica no Brasil, várias empresas nacionais e do exterior passaram a explorar o setor principalmente na Bahia e encontraram em Sento Sé um grande potencial. O problema é que os pequenos produtores da região foram prejudicados uma vez que essas empresas se instalam em terras particulares e ainda têm documento comprovando o contrário.

Zé Louro
Zé Louro

Com vários documentos de posse de terras e de certidões, o agricultor Joseildo Silva Gama, 45 anos, garante a sua propriedade e diz que o documento com o qual a Biobrax conseguiu o certificado do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para instalação da empresa não é verdadeiro. “A Biobraxs está com posse de 64 mil hectares de terra, mas isso não é verdadeiro, parte desses hectares são nosso e tenho documentos que comprovam isso. O documento deles é montagem, o nosso é verdadeiro e eles não reconhecem a gente como verdadeiros donos”.

Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores
Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores

 Joseildo conta que as terras que eles dizem ser deles ‘comeu’ 50% da Fazenda Gruna, onde ele mora e que lá existem muitas outras famílias. “Lá na região já existe esse conflito há muito tempo, construímos uma casa e eles derrubaram, depois arrendamos uma parte das terras que são nossas pra uma empresa construir uma torre e eles meteram o maçarico e derrubaram, uma torre no valor 200 mil”.

O conflito já chegou ao extremo como relata o agricultor. “Teve uma vez que um policial militar, contratado pela Biobrax, botou uma espingarda de calibre 12 na minha cabeça e na do meu pai. A situação é essa!”, lamentou e pede providências da justiça. “Alguém tem que olhar por nós. Quero que a Justiça tire a gente desse sufoco”.

Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores
Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores

Outro morador da Fazenda Campo Largo que lidera o movimento pela resolução de todo esse conflito é Jose Aurélio da Silva, 54 anos, conhecido como Zé Louro. “A Fazenda Campo Largo tem 13.600 hectares a empresa invadiu toda a área. A comunidade tem 104 residências temos 420 habitantes, que nasceram e se criaram lá. Nunca vendemos terras, nem arrendamos a ninguém e agora eles dizem que a terra é deles? Uma empresa que nem daqui é, é de Portugal e tem sede no Rio de Janeiro”.

Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores
Documentação comprova posse de terra de pequenos podutores

Zé Louro relata o sufoco que os moradores da localidade enfrentam. “Parece filme, eles chegaram colocaram uns tratores esteira por trás das fazendas abriram umas estradas ai colocaram três torres, nas nossas terras. Fomos reclamar eles disseram que a terra é deles, que eles compraram e que era pra gente desocupar. Eles colocaram gente armada pra ameaçar a gente, intimidando a comunidade”.

“Eles dizem que é pra gente arrumar as malas e ir embora de lá. As terras são nossas e não entregamos pra ninguém. Precisamos de justiça”, disse indignado. “Houve falta de atenção da justiça do município isso já vai fazer três anos, já prestamos queixa contra eles e eles contra a gente dizendo que ameaçamos queimar trator nunca existiu isso”, defendeu Zé Louro.

Na semana passada a queda de um helicóptero da empresa Biobrax S/A, na região acendeu a polêmica. De acordo com informações, três pessoas estavam a bordo da aeronave, modelo Robinson 44. Todas as vítimas sobreviveram à queda. Eles negaram autoria do acidente.

 

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