Janete Clair e Ivani Ribeiro: as damas da dramaturgia brasileira
Nesse dia internacional da mulher, é sempre importante lembrar que falar de dramaturgia brasileira e não falar de Janete Clair e Ivani Ribeiro é impossível.
Duas das precursoras do gênero no país, mesmo quando ele ainda se restringia as rádios, Janete e Ivani foram responsáveis por firmar muitos dos conceitos básicos do gêneros, tão repetidos e usados até hoje.
Nascidas na década de 20, ambas começaram sua carreira como contadoras de histórias quase na mesma época: No rádio, nos anos 40, durante o auge das radionovelas, onde emprestaram seus dedos para escrever tramas que seriam narradas e chegariam aos ouvidos dos brasileiros através do instrumento mais popular à época.
O trabalho com TV se iniciou na pioneira TV Tupi, a primeira do país a investir forte no gênero. Ivani escreveu uma série para a emissora e depois se transferiu para a TV Record, onde escreveu suas primeiras novelas. Já Janete, chegou a TV Tupi e lá se estabeleceu até ir para a Rede Globo. Foi nessa época, entre o final dos anos 50 e começo dos anos 60, que as autoras começaram sua longa trajetória de sucesso.
A partir daí, ambas trilharam caminhos distintos – pelo menos no que diz respeito a emissoras. Enquanto Janete Clair, a partir do fim dos anos 70, se tornou a “Maga das Oito” da Rede Globo, sendo responsável pelos maiores sucessos da época da emissora (Véu de Noiva, Irmãos Coragem, Selva de Pedra, entre outros), Ivani – depois do fechamento da TV Excelsior, onde nos anos 60 ela brilhou – estabeleceu moradia na TV Tupi.
Lá, escreveu sucessos como A Viagem, A Barba Azul, O Profeta e a primeira versão da clássica Mulheres de Areia.
Depois de uma rápida passagem pela Band, Ivani chegou à Rede Globo nos anos 80 – período em que Janete já estava prestes a encerrar sua trajetória de sucesso. Sua última novela, Eu Prometo, foi ao ar em 1983 e foi finalizada por sua pupila, Glória Perez, após seu falecimento.
O último capítulo de Eu Prometo traz uma homenagem a Janete:
“Eu gostaria que o ser humano acreditasse que existisse dentro dele uma força capaz de mudar sua vida.
É bom confiar em si mesmo e esperar um novo amanhecer..”
Já Ivani, durante seus anos finais, na Rede Globo, escreveu diversas novelas, entra elas duas que sempre são citadas como algumas das melhores telenovelas da História: os remakes de Mulheres de Areia e A Viagem – sendo essa última, seu trabalho final, em 1994.
É sempre importante lembrar o trabalho destas duas mulheres e como, hoje, sem elas, a teledramaturgia não seria o que conhecemos.