Janot virou moeda de troca
O ex-procurador da República Marcelo Miller é peça chave da investigação determinada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre a omissão de informações pelos executivos da J&F (JBS) Joesley Batista e Ricardo Saud.
De acordo com despacho de Janot, um dos áudios, gravado em 17 de março de 2017 e intitulado “Piauí Ricardo 3”, evidencia que o então procurador Marcelo Miller já negociava com os empresários e afirmava ter influência sobre as decisões do PGR, Rodrigo Janot.
No áudio, Saud afirma que estaria “ajeitando” a situação com Marcelo Miller, mas Janot ressalta que o início das negociações de uma delação premiada com a J&F só teve início dez dias depois dessa conversa.
Janot também chama atenção para o fato de Miller ter pedido a exoneração do cargo no dia 25 de fevereiro, duas semanas antes da conversa, mas com efeitos apenas em 05 de abril, uma semana depois do início das tratativas, quando Miller se apresentou como novo sócio do escritório que iria negociar a delação.
“Essa sucessão de datas é importante porque sugere a participação de então membro do Ministério Público Federal em atividade supostamente criminosa e/ou de improbidade administrativa”, diz o despacho.