Japão dá início ao Massacre de Nanquim

O enorme exército chinês, calculado em 300 mil homens mal-treinados e muito-mal comandados, opuseram pouca resistência à tomada de Nanquim

Em 13 de dezembro de 1937, poucos meses após o início da guerra sino-japonesa, tropas do imperador Hiroito entram na cidade de Nanquim, sede do governo nacionalista chinês. O militar Chiang-Kai-Shek e sua família tinham deixado o local dias antes. O exército japonês dá início então a um dos massacres mais terríveis da Segunda Guerra Mundial. Cerca de 20 mil estupros são cometidos contra mulheres de todas as idades, enquanto de 150 a 300 mil pessoas são mortas ou mutiladas no espaço de seis semanas.

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Soldados japoneses invadem a cidade chinesa de Nanquim, em 1937

Desde o fim da guerra, os chineses reclamam que os japoneses não manifestaram as devidas desculpas pela invasão de 1937. Queixam-se ainda que o governo nipônico, ao editar os manuais escolares para os seus estudantes, procura esconder ou minimizar a responsabilidade do seu exército nas inúmeras atrocidades cometidas, em particular sobre o Massacre de Nanquim.

Um conflito entre soldados japoneses e chineses, ocorrido na cidade de Tsientsin, no verão de 1937, serviu como pretexto para que o Japão desencadeasse uma guerra de agressão à China, na época sob a ditadura de Chiang Kai-Shek, líder do Kuomintang (Partido Nacionalista).

Bem antes do ataque de 1937, o Japão já exercia sua soberania sobre extensas áreas do sudeste e do nordeste da China. Um tanto antes, em julho de 1931, a pretexto de um conflito ferroviário – o Incidente de Mukden – os nipônicos transformaram toda a Manchúria num estado títere: o Manchuquo. Pode se dizer que a invasão de 1937 foi o resultado lógico de uma política crescentemente expansionista que mobilizava o governo de Tóquio desde os finais do século 19. Para os estrategistas do estado-maior nipônico, a guerra contra a China tinha de ser rápida. As enormes extensões do país e sua imensa população só poderiam ser submetidas por meio de uma manobra relâmpago que sufocasse instantaneamente qualquer possível resistência.

Dominando o eixo Xangai – Nanquim, numa só grande operação militar, o Japão submeteria o principal porto da China – Xangai – como também sua sede política. Controlando a embocadura do Yangtzé toda a economia do interior da China capitularia frente aos invasores. Com a posse do coração (Nanquim) supunham que a cabeça (Pequim) e os pés da China (Cantão) seriam reduzidos à inércia.

Derrota

O enorme exército chinês, calculado em 300 mil homens mal treinados e muito mal comandados, opuseram pouca resistência à tomada de Nanquim. Os comandantes chineses optaram pela capitulação. Mal sabiam que estavam assinando a sentença de morte da massa dos soldados capturados. Os militares nipônicos, educados na cultura do ‘bushidô’, a ética do guerreiro que os obrigava a lutar até a morte, se perguntavam por que os chineses não lutavam e sangravam até o fim.

A decisão sobre o que fazer deles, reduzidos então a uma manada passiva que perdera totalmente a capacidade de reagir, não tardou: os prisioneiros chineses deviam ser mortos. A ordem que partiu do quartel-general do príncipe Asaka, comandante das tropas japonesas, no dia 13 de dezembro de 1937, determinou ao comando do 66º batalhão: “Todos os prisioneiros de guerra devem ser executados pelo seguinte método: dividam os prisioneiros em grupos de dúzias e fuzilem-nos separadamente. As execuções devem começar às 5h00 e encerradas às 7h30m”

Teriam também entrado em ação, como elemento psicológico que contribuiu para a fúria homicida que se seguiu, antigas desavenças e rancores culturais que opuseram por séculos os dois povos asiáticos. Estes fatores colaboraram para que os generais invasores planejassem uma humilhação completa.

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