João Martins (João Doido), Um Autêntico Carnavalesco
O calor forte da tarde do sertão castigado pela seca já perdia sua força, o sol se esconde por sobre a rocha da ilha do fogo abrandando a alta temperatura em sua volta, alguns pássaros já voltava para ocupar seu lugar cativo nos grandes galhos, tudo parecia caminhar para um fim do dia dos mais comuns em nossa região sertaneja. Repentinamente aparece no início da orla, próximo ao São Tiago maior um homem, estatura mediana, já calvo, caminhar tranquilo, segurando um graveto como se fosse um bastão para lhe apoiar em sua caminhada, quem o via de longe o confundia com um mendigo ou peregrino que cortavam o sertão levando mensagens divinas e anunciações de grandes devastações.
Era João Martins dos Santos, o “João Doido” como é carinhosamente chamado, de poucas palavras, olhos verdes, roupa velha mas, alinhada se aproximou de mim e faz as perguntas já conhecida por todos “ ei a Calça? Meu amigo? “ tô apaixonado, diga por quem? Por você me amor! ” e sorri, um riso simples de quem quer apenas se divertir. Aproxima-se de uns conhecidos na mesa de bar e já com um copo á mão pede um copo de cerveja, bebe de uma só vez, e pede outro copo de cerveja, dobra as pernas e cala-se. “Viaja” num mundo surreal e de repente solta outra pergunta “ei me bate não? E sai vagarosamente encontra a porta aberta de um carro estacionado, e com toda honestidade abre o carro e bate a porta protegendo-a de um possível roubo ( quem não o conhecia ficava surpreso e apreensivo aquele homem abrindo o carro). Fica parado por algum momento refletindo como se estivesse meditando ou consultando o além de sua imaginação, após algum tempo, ele se retira e caminha lentamente pelas ruas. Logo adiante deita-se em uma calçada. Calado meditando coisas no seu interior.
João, menino faceiro, tem amplo acesso ás casas, goza de prestígio da comunidade e do cantor João Gilberto que nunca o esquece sabe-se que vez em quando pergunta por ele. Brincalhão, eterno beijoqueiro, nunca se ouviu alguém falar que o João cometeu alguma agressão a alguém. Certa feita alguns vândalos cometeram atrocidades ao nosso João, ele já foi espancado, odiado, massacrado, jogaram-no tintas em teus cabelos. Ficou muito doente. Faço uma pergunta, porque fizeram isto com o nosso João? Mas o João se recuperou, e a inda está no nosso convívio nos trazendo alegrias. João mira uma calçada, cala-se, deita-se e passa a meditar coisas no seu interior.
O tempo vai passando e nosso João aos 70 anos de idade, ainda vive muito bem, em casa ao lado de familiares na Rua das flores descansando dos passeios que eram cheios de esperanças, de festas, serestas e carnaval, já que o mesmo é um autêntico carnavalesco nestes 100 de carnaval. Merece uma homenagem. Vai daqui a nossa sugestão.
Por: Valterlino Pimentel ( Pinguim )