João Paulo e o cruel futuro do pretérito petista na eleição do Recife

Igor Maciel, do JC

João Paulo (PT) tem uma lista de serviços prestados ao Recife que, sozinha, já o habilita para disputar a prefeitura em qualquer tempo. Isso independe do que o PT acha, independe de João Campos (PSB) ser prefeito e independe de ser ou não interessante para o Palácio do Campo das Princesas.

Aprovado

Ele foi um prefeito que saiu com aprovação tão alta ao ponto de eleger um sucessor que não levava jeito para a política, embora fosse bom como secretário. João da Costa (PT) foi o triunfo, o cume do sucesso de João Paulo, mas foi também o início da derrocada, com os atritos internos que tomaram conta do PT quatro anos depois e entregaram a prefeitura ao PSB e a Geraldo Julio (PSB).

Seria

Se o hoje deputado estadual João Paulo fosse candidato, transformaria a eleição do Recife.

A disputa poderia ir para o segundo turno, o não apoio de Lula a João Campos poderia dividir o voto da esquerda na cidade, seria positivo para o Palácio do Campo das Princesas e para a governadora Raquel Lyra (PSDB) que veria, desde já, os palanques ligados a Lula divididos, como espera que seja em 2026.

A disputa afastaria o PT do PSB por pelo menos mais dois anos e comprometeria, sem impedir, a intenção de Campos ser candidato ao governo em 2026.

Futuro do pretérito

Mas todas essas projeções nunca sairão do “seria”, do futuro do pretérito, o tempo verbal mais cruel que existe, sem a decisão daquele que realmente manda: Lula (PT).

Sempre foi assim, o PT grita ao mundo sua “democracia”, arranha as próprias entranhas com as tendências se engalfinhando, promove para si uma enorme importância política e eleitoral, mesmo que não a possua.

E, no fim, o que vale é o que Lula determinar, independente do quanto chorem as lideranças locais.

Democracia

A democracia petista é tão bolivariana quanto a venezuelana. Todos são livres para decidir, desde que a decisão seja a que seu dono mandar.

O que é uma pena, porque seria justo que João Paulo tivesse mais uma chance, como teve Lula. Poderia animar as coisas no Recife.

“Poderia”. E olha aí o cruel futuro do pretérito, mais uma vez.

Como é?

Mesmo a Justiça consertando e mandando prender novamente o criminoso que tentou assaltar o carro que fazia a segurança da vice-governadora de Pernambuco, Priscila Krause (Cidadania), algumas questões permanecem.

Políticos, juristas, policiais e a sociedade de forma geral ficaram todos tentando entender a atitude do juiz que mandou soltá-lo no fim da semana. A decisão foi pela liberdade provisória do sujeito, preso em flagrante.

Segundo o magistrado que analisou o caso, ele “não oferecia risco à ordem pública”.

Manso e pacífico

O homem em questão já tem outras passagens pela polícia, abordou o veículo com seguranças da vice-governadora, sem saber de quem se tratava, e anunciou um assalto, arma em punho.

O criminoso apontou um revólver calibre .32 contra os ocupantes do veículo, ameaçando a vida deles, quando terminou ferido e imobilizado. Foi detido e ao observarem as balas na arma perceberam duas balas pinadas (que falharam). Em algum momento ele tentou até disparar o revólver.

De manso e pacífico, como a decisão do primeiro juiz tentou fazer parecer, ele nada tinha.

Precisa matar?

Alguém deve perguntar aos juízes que trabalham realizando essas audiências de custódia o que é necessário fazer, além do que fez o criminoso em questão, para ameaçar a ordem pública ao ponto de ficar preso, como deveria.

Apontar uma arma para alguém, em ameaça, com o objetivo de subtrair valores, deixou de ser assalto? Não é ameaça?

Assalto à mão armada deixou de ser crime?

Tem que matar algum cidadão na rua para ser considerado ameaça pela Justiça?

Preso

Em tempo: na tarde de ontem a Justiça voltou atrás e mandou que o assaltante fosse preso. A polícia, que já o havia prendido, teve que ir buscá-lo novamente.

O homem, que “não oferecia risco a ninguém”, tentou fugir, mas foi pego.

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