Uma jovem de 30 anos, moradora do Vidigal, acusa dois policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) de a terem agredido e estuprado num beco da comunidade da Rocinha, na Zona Sul do Rio, na manhã do dia de Natal. A vítima, que é casada e tem um filho, registrou a denúncia na 11ª DP (Rocinha) e foi submetida a um exame de corpo de delito de conjunção carnal, noIML.
De acordo com a Polícia Civil, um inquérito foi instaurado. Os policiais foram ouvidos e o delegado responsável pelo caso aguarda o resultado de exames complementares realizados pela vítima. A Polícia Militar informou, em nota, que está apurando a informação. A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, presidida pelo deputado Marcelo Freixo (PSOL), acompanha o caso.
Em relato registrado no laudo do IML, a jovem conta que voltava de uma festa, por volta das 6h, quando se deparou com um homem baleado no caminho. Nesse momento, policiais acenaram e ela se aproximou, achando que os agentes iriam indicar outro caminho. A partir daí, a vítima relata que foi conduzida a um beco, onde foi agredida com chutes e um soco ou cotovelada no rosto. Com o impacto das pancadas, a jovem caiu no chão, mas foi posta de pé, de frente para uma parede, e abusada sexualmente pelos dois policiais.
O caso aconteceu na mesma manhã em que o comerciante José Auri, de 49 anos, morreu e três pessoas ficaram feridas após um tiroteio entre policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Rocinha e bandidos da comunidade. Na ocasião, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) informou que uma equipe policial que estava baseada na passarela que dá acesso à comunidade havia sido atacada, no fim da madrugada, por frequentadores que saíam de um baile. Os agentes teriam sido recebido a tiros e, por isso, teriam revidado o ataque. Entre os feridos, estavam dois PMs. Após a confusão, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi acionado e a Divisão de Homicídios (DH), da Polícia Civil, foi comunicada.
De acordo com a Polícia Militar, a equipe do Bope foi acionada para “atender uma prioridade de um Policial ferido na Rocinha” e “foi recebida a tiros por criminosos, evitando continuar a incursão”. A corporação ressalta que, além de encontrar um morto e preservar a cena do crime para a Divisão de Homicídios, nenhum outro fato foi relatado pelos policiais.
Nota da Polícia Civil na íntegra:
De acordo com informações da 11ª DP (Rocinha), um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias do fato. A vítima prestou depoimento e foi encaminhada para o exame de corpo delito. A unidade aguarda também o resultado de laudos complementares realizados pela vítima. Os policiais foram ouvidos e agentes realizam diligências em busca de testemunhas e informações que ajudem nas investigações.
Nota da Polícia Militar na íntegra:
O Maj Nunes, Subcomandante do BOPE, informou que vai apurar essa notícia, ressaltando que a equipe do Bope foi acionada para atender uma prioridade de um Policial ferido na Rocinha, e que foi recebida a tiros por criminosos, evitando continuar a incursão. No local, a equipe foi informada que havia um corpo em determinado ponto. Os policiais foram verificar e encontraram o corpo, preservando o local e acionando a Delegacia de Homicídios que compareceu ao local para fazer a perícia. De acordo com o Subcomandante do BOPE, a equipe não relatou nenhum outro fato além disso.
Fonte: Extra