Juazeiro no tempo III
Barranqueiros do Rio São Francisco, tipos humanos, habituados a enfrentar e a suportar os caprichos do rio bem como a situação de abandono em que tem economicamente vivido a região, os “barranqueiros”, são, antes de tudo, habitantes ribeirinhos, em geral paupérrimos e vivendo em toscas habitações erguidas nos barrancos do curso d’água.
Levam um gênero de vida que reflete, para o norte de Pirapora, o regime irregular do rio.
Um dos traços mais característicos desse temperamento do São Francisco é o modo segundo o qual se opera a passagem das águas do período das cheias (fevereiro-abril), para o da vazante, completando-se no curto prazo de aproximadamente um mês, a oscilação da máxima enchente para o regime da estiagem.
Nesta fase, os “barranqueiros” tiram proveito do solo fértil das vazantes praticando agricultura de subsistência; pescam para o consumo próprio, ou se dedicam à venda de lenha para os vapores que fazem a navegação do rio médio.
Por ocasião das cheias, a fisionomia da paisagem se transforma, carregando-se de cores melancólicas e sombrias.
É nessa época, prenunciada pela queda das primeiras chuvas em outubro, que vive a população a fase culminante de um grande drama.
O nível do rio principia a crescer rapidamente; as águas invadem as terras marginais menos elevadas; os afluentes transbordam represados pela corrente principal.
Nos barrancos, povoados e moradias sofrem, então, os efeitos das cheias avassaladoras, ficando os habitantes à mercê da própria sorte.