Juazeiro será grande protagonista do filme Nego d’água, com Rafael Zulu e Maria Flor

Flávio Henrique
Flávio Henrique

Grazzielli Brito – Ação Popular

A região do Vale do São Francisco e o semiárido baiano são conhecidos pela procura para locações cinematográficas, geralmente de equipes do sul do país que aproveitam as características da região para grandes filmes nacionais e novelas de grande audiência. O que o restante do Brasil precisa descobrir é que aqui também existe muita riqueza criativa e capacidade artística pra suas próprias produções. É isso que Flávio Henrique Fonseca pretende mostrar com sua ousada produção Nego d’água – O Filme.

Flávio é autor, roteirista e produtor executivo do longa metragem e tem feito de tudo para conseguir concretizar esse projeto arrojado que tem como protagonistas os globais Rafael Zulu (Nego d’água) e Maria Flor (Marta). O mentor do projeto encabeça agora a campanha ‘Ivete Sangalo ajuda o filme Nego d’água’ através das redes sociais, que já tem mais de 900 compartilhamentos no facebook.

A campanha está no Facebook
A campanha está no Facebook

Ele conta como aconteceu a campanha. “Postei no Face se alguém poderia me ajudar a chegar na cantora, um dia uma empresária aqui da cidade, Ana Carolina, me respondeu que tinha como me ajudar porque ela tem uma prima que é assessora de Ivete, a Fátima. Daí surgiu a ideia da campanha nas redes sociais e Ana Carolina gentilmente ligou para Fátima, que entrou em contato com Ivete”. Compartilhe essa campanha AQUI .

Alem do contato de Fátima, Flávio garante que a cantora acompanha a campanha pela internet. “A campanha que está no Facebook tem uma quantidade imensa de compartilhamentos e ela sabe disso porque quando fiz a postagem eu ‘linkei’ no perfil dela, então cada pessoa que compartilha ela vê, até no celular dela aparece a mensagem ‘fulano compartilhou foto que você foi marcada’”.

“A equipe dela já entrou em contato com a gente através de Cíntia Sangalo, irmã dela e pessoa que toma conta das coisas dela atualmente, semana que vem iremos a Salvador, Cíntia está agendando uma data. E agradeço isso demais a Ana Carolina, a Fátima e a todo mundo que compartilha a campanha no face”, disse.

Quando questionado sobre que apoio ele espera receber da cantora ele explica. “Nego d’água é uma produção que fala da lenda, do resgate do folclore da cidade de Juazeiro, é importante que ela contribua. Quero a adesão dela somente no sentido dela dizer que apoia. Queremos chegar a Globo Filmes e ela pode ajudar nisso, gostaria de uma musica cantada por ela para o filme e se ela nos der essa colher de chá, gostaria até de uma participação especial. Eu crio um personagem pra ela da noite pro dia só pra ela fazer parte desse trabalho”, disse se divertido.

Projeto cinematográfico

O autor do projeto conta que há três anos e meio vive em função de realizar o filme. Com o lendário personagem, Nego d’água, tatuado no braço, Flávio fala com muito entusiasmo de sua luta, determinação e ousadia. “É importante a gente acreditar na gente e o quanto é importante realizar aquilo que se acredita. Passei muito sufoco, mas me organizei, não fiz de qualquer maneira. Tivemos muito cuidado passamos o ano de 2009 fazendo roteiro e projeto, em 2010 analisando as locações e o elenco regional, em 2011 fizemos a divulgação, agora ganhamos visibilidade,mas deu muito trabalho”.

O primeiro cuidado tomado pela equipe foi oficializar o filme. “Os artistas de Juazeiro gostam muito de se juntar pra criticar outros artistas, mas não temos uma política publica cultural que atenda a demanda de cada artista aprender como se elabora um projeto, como se participa de edital, como se gasta dinheiro público. Ao invés de ficar criticando projeto de um ou de outro, deveriam estar tomando um curso de elaboração de projeto, participação de edital e administração do dinheiro público para a cultura, porque foi isso que fiz”.

Segundo Flávio, esse é o primeiro projeto cinematográfico, de Juazeiro, registrado na ANCINE – Agência Nacional do Cinema, e foi por isso que ele conseguiu através da Lei Rouanet e Lei de Audiovisual, captação de recursos e patrocínios para o filme. “Temos o apoio do governo federal estadual e municipal. Ouvi do secretário de cultura do estado que o apoio ao filme era uma maneira de saudar um pouco da dívida com a cultura na cidade. E isso tem acontecido através do Fundo de Cultura oferecido pelo estado da Bahia”.

Além do registro da ANCINE, Nego d’água está oficializado na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, tem seus direitos autorais da Produtora Macambira, e roteiro registrados em cartório.

O Filme

Em 92 minutos, o longa conta a história de Marta, menina romântica, sonhadora e humilde que vive com a família às margens do São Francisco, e se apaixona pelo Nego d’água, lenda ribeirinha de um homem negro que vive nas águas do Rio e assombra os pescadores do local.

Alem de Rafael Zulu e Maria Flor que vivem esse casal surreal, estão no elenco Anamara (ex-bbb), Camila Amado e Walmor Chagas, que disse ser esse o ultimo filme de sua consagrada carreira.

Camila Amado foi professora de Flavio Henrique, no Rio de Janeiro, onde ele cursou artes cênicas. “Estamos tomando aula agora com Roque Araujo, renomado diretor cinematográfico, que vai fazer direção geral do filme. Temos esses monstros consagrados do cinema. Walmor Chagas não me cobrou nada pra atuar, só quer a hospedagem e as passagens, isso é de uma grandeza da parte dele inimaginável”.

Mas a grande protagonista do filme é a bela Juazeiro, que será retratada com suas lendas e também mazelas. “Vamos retratar a falta de saneamento básico, necessidade de revitalização do São Francisco, preservação do meio ambiente, das matas ciliares e a importância do Rio para o município. Essa é uma manifestação popular viva em defesa pelo social, ambiente e cultura da cidade. Eu não quero fazer um filme só pra Juazeiro assistir, quero fazer o mundo ver Juazeiro”.

“Todas as produções que aconteceram aqui, a gente serviu pra ser dublê, figurante, carregador de água e Nego d’água é diferente, a gente dá prioridade aos artistas locais, 85% do elenco é da região”.

Flávio Henrique revela que em 8 semanas serão feitas as gravações que devem acontecer até o fim deste ano. “Estamos finalizando figurino e cenário. Rafael Zulu e Maria Flor passam 8 dias aqui pra gravar as cenas deles, enquanto isso a galera aqui de Juazeiro já esta ensaiando, mas com muita calma pra fazer um trabalho sério. Sei que vou ser alvo de críticas, não sou cineastas, sou formado em artes cênicas, por isso faço tudo com muita cautela”.

Histórias de bastidores

Com muita descontração, o autor do filme conta como chegou até seus protagonistas. “Cheguei a Rafael Zulu, através do twiter, daí ele pediu que eu fosse até o Rio pra conversar com ele. Fui com o dinheiro contado, só comia macarrão instantâneo, o dinheiro era mirrado. Peguei metrô, desci uma estação antes pra poder pegar um taxi e chegar até ele, mas ele foi maravilhoso topou participar e ainda me deu carona de volta”.

“Com Anamara passei um sufoco, ela marcou em um restaurante em Salvador caríssimo, quando a gente chegou lá pra almoçar só um suco custava 25 reais e quem paga essas despesas somos nós que somos produtores. Aí o produtor, Tácio Murilo, teve uma sacada, levantou e foi conversar com o dono do restaurante. Chegou perguntando ‘o senhor já viu quem esta aí? A Anamara do BBB’. Depois disso o almoço foi cortesia da casa”, contou Flávio rindo muito.

“Outra vez um menino da equipe fazendo um serviço para o filme bateu com a moto em uma banca de pastel, a gente sem um real e tivemos que pagar o prejuízo de R$ 500,00 da barraca. Mas, isso só faz a gente se unir ainda mais. Tenho certeza que esse filme vai fazer muito sucesso porque tem muito amor envolvido”, finalizou.

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