Justin Bieber na lista da polícia

Se existe alguém capaz de fazer jus à expressão ‘carregar nas tintas’, esse alguém é Justin
Bieber. Mas o objeto que pode deixar o cantor encrencado com a polícia do Rio (que o está
investigando) não é um pincel, e sim uma lata de spray. Desde a última sexta-feira no Rio de
Janeiro, Bieber não deixou de aprontar um único dia sequer. Sua última aventura foi pichar o muro do antigo Hotel Nacional, em São Conrado, na madrugada de ontem, com frases do tipo: “Respeitem a privacidade. Estou de folga”, além de diversos desenhos. ImageProxy (5) 

O astro teen, de 19 anos, só não sabia que, no Brasil, seu ato é considerado crime, de acordo com o artigo 65 da Lei nº 9.605/98. Apesar de a ação ser considerada transgressora, Bieber teve o aval de alguns policiais militares da UPP da Rocinha, que assistiram a tudo sem repreendê-lo. Diante do acontecimento, o comando do 23º BPM (Leblon) vai abrir uma sindicância para apurar a ação dos PMs envolvidos no caso. Mas o caldo pode engrossar para Bieber também.

Na noite de ontem, o delegado Antônio Ricardo, titular da 15ª DP (Gávea), enviou uma equipe da
delegacia até o local onde o cantor está hospedado (uma casa alugada num condomínio no Joá), para que ele e seus seguranças fossem ouvidos. “Temos que saber se houve uma autorização do
proprietário para essa pichação. Se não houve, configura crime de menor potencial ofensivo. Além disso, a celebridade em questão teve escolta para pichar o muro. Isso é um absurdo. Pode não parecer, mas aqui temos leis”, disse o delegado Antônio Ricardo.
A Prefeitura do Rio ressaltou que a pichação é proibida, entretanto, costuma fazer parcerias com
grupos de grafiteiros em alguns locais da cidade, como no terminal da Alvorada, na Barra da
Tijuca. “Mas não foi o caso do Bieber”, diz a assessoria.
Gabriel Reis, um dos paparazzi que fotografaram a pichação, contou que teve seu carro atingido por um paralelepípedo, que foi jogado por um dos seguranças do cantor, e foi ameaçado por eles. “Ele quer guerra, então vai ter. Estou preocupado ainda, porque sei que eles (os seguranças) podem vir na covardia de novo. Bateram muito no outro fotógrafo que estava lá. O enforcaram com um cinto e ele teve o braço muito machucado. O Justin estava muito alterado. Ele não pode ser uma pessoa normal. Primeiro, ele me xingou, me provocou me chamando pra briga. Depois de cinco minutos, veio conversar comigo numa boa, como se nada tivesse acontecido. Ainda me perguntou se eu gostei dos desenhos que ele fez”, indignou-se.

 

Ao pisar na cidade (diferentemente da primeira vez em que veio, em 2011), Justin deu sinais de que seus dias por aqui seriam bem agitados. Depois de sair coberto por um lençol branco de um
prostíbulo da Zona Sul, o cantor tentou entrar com prostitutas — sem sucesso — no Hotel Copacabana Palace, onde estava hospedado inicialmente. Furioso por não ter conseguido burlar as regras do estabelecimento (que não permite prostituição no local), Bieber e seus seguranças quebraram vários objetos do quarto, deixando um prejuízo calculado em torno de R$ 12 mil. Como consequência, o cantor e sua equipe foram expulsos do hotel.
Nas festinhas íntimas que deu na mansão que alugou, Justin pôde ficar um pouco mais à vontade. Mas a prima de uma das meninas que foram escolhidas em uma boate onde o cantor esteve, para participar do ‘evento seleto’, contou ao DIA que a farra era regada a bebida alcoólica e maconha. Além disso, Justin só fazia figuração. Quem se dava bem mesmo com a mulherada eram os seus seguranças, apelidados pelas moças de Kid Bengala.
SENHOR ENCRENCA
Não é de hoje que Justin Bieber vem causando problemas por onde passa. O astro pop canadense já deve ter perdido as contas das vezes em que exibiu o dedo do meio para os paparazzi, ao ser flagrado em situações delicadas. Ele já chegou a atropelar um profissional com sua Ferrari, nos Estados Unidos, e ameaçar outro, em Londres. “Vou te matar”, disse ele na época.
Apesar de se irritar com os flashes, o cantor sempre dá motivos para ser clicado pelos fotógrafos:
ele já foi multado por dirigir em alta velocidade, barrado várias vezes em boates, flagrado com
cigarrinho suspeito, e teve o ônibus de sua turnê vasculhado por policiais, que encontraram
drogas. Nos shows pela Europa, Bieber desmaiou durante uma apresentação e alegou que estava sem fôlego. Depois disso, passou a noite em um hospital. Quando namorava a cantora Selena Gomez, foi clicado diversas vezes brigando com ela, com quem teve um relacionamento por pouco mais de dois anos.

 

Em Los Angeles, onde mora, Bieber não é querido pelos vizinhos, que já ameaçaram deixar de pagar o condomínio como forma de protesto pelo mau comportamento do rapaz. Em março deste ano, um morador do local acusou Bieber de cuspir em sua cara, logo após tê-lo repreendido por andar com o carro a mais de 160 km por hora pelas ruas do condomínio. “Você não pode dirigir assim”, disse o vizinho. “Vai se f* e sai daqui! Vou te matar”, teria disparado Bieber. O cantor teen também já cuspiu em fãs que o aguardavam na porta de um hotel em Toronto, no Canadá.

PICHAÇÃO OU GRAFITE?
A confusão causada pela pichação que Bieber fez no muro pegou mal e está rendendo até investigação policial. Mas há controvérsias na discussão sobre o que é o grafite e o que é a pichação. Desde 12 de fevereiro de 1998, quando foi publicado no Diário Oficial da União, o artigo 65 da lei nº 9.605/98 estabelece que “não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário”.
Tomaz Viana, o Toz, um dos criadores do grupo de grafiteiros FleshBeck Crew, diz que as consequências são iguais para pichadores e grafiteiros. “Corremos o mesmo risco de ser repreendidos. A nossa sorte é que muitas pessoas gostam do que fazemos, veem como uma coisa legal. Geralmente, os grafites são feitos em tapumes de obras, muros ou lugares abandonados. Mas não são locais autorizados para o grafite. Fazemos tudo de forma ilegal”, explica Tomaz.
“Quem determina o que é grafite ou pichação é a própria rua, a forma como os outros vão colocar algum valor naquilo que foi feito”, completa.

O Dia

 

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