A vitória sobre o Botafogo no fim de semana abafou uma das novidades nos bastidores do Flamengo, que já planeja reformulação no seu futebol mesmo antes das finais da Copa do Brasil. No vestiário após o clássico, o presidente Rodolfo Landim marcou presença, em movimento que teve início nos últimos dias em busca de um diagnóstico do departamento como um todo, para que mudanças aconteçam até o fim do ano.
O mandatário tomou o poder da pasta e resolveu olhar com os próprios olhos todos os problemas que, normalmente, estouram na troca de treinador. Diferentemente de outros cenários, Sampaoli é auxiliar de Landim nessa varredura. Que visa entender as questões de relacionamento e a falta de comando. Normalmente, os treinadores passam pelo vice de futebol Marcos Braz e pelo diretor Bruno Spindel antes de chegar ao presidente. Com Sampaoli, Landim tem canal direto.
E buscou ampliar esses canais com outros personagens no Ninho do Urubu, onde esteve durante a última semana, inclusive. O presidente conversou com alguns atletas em participar depois de falar a sós com Sampaoli. Em outro momento, assistiu aos treinos da comissão técnica. No sábado, foi para o CT e de lá para o jogo contra o Botafogo no ônibus do time. Ficou no vestiário, participou da roda e no final falou com todos antes da reza.
Apesar do resultado positivo no Nilton Santos, e do discurso inflamado de Sampaoli, o clima para o treinador junto ao elenco ainda não é bom. Por isso, Landim ainda avalia se vai trocar o comando como sempre faz, ou se mudará os jogadores, em reformulação já debatida internamente.
Elenco inflacionado dificulta
O desafio principal é entender como mexer em um elenco caro e com diversos contratos longos. Por isso, os atletas em vias de terminar o vínculo este ano terão os casos analisados primeiro. A renovação é considerada tardia no clube, mas antes tarde do que nunca. Nomes como Rodrigo Caio e Filipe Luis devem encerrar seus ciclos vitoriosos. O Flamengo não abre mão, por outro lado, de Gabigol, Bruno Henrique e Éverton Ribeiro. Gabi é o único com contrato em vigor até o ano que vem e não há pressa para a manutenção. Os outros dois terão a ampliação debatida e ficariam mais um ano, ao menos.
Há ainda uma série de jogadores que não performaram e a diretoria terá que resolver o que fará, já que a maioria veio através de um alto investimento. Casos do atacante Cebolinha, o zagueiro Pablo e o também zagueiro David Luiz. O titular da posição, Fabrício Bruno, deve renovar, apesar de ter recusado a primeira proposta salarial. Justamente por seus pares terem vencimentos elevadíssimos, o jogador exige uma equiparação mínima.
A pedido do técnico Renato Gaúcho, Bruno Henrique foi sondado pelo Grêmio, que sinalizou o interesse e acenou com um salário no patamar do que o jogador recebe no clube carioca. Há sondagens de fora do Brasil, de onde o Flamengo teme ter uma concorrência real. Com a saída de Suarez em 2024, o Grêmio poderia custear os vencimentos de Bruno Henrique, que hoje ganha acima de R$ 1 milhão.
A temporada de incerteza em função de uma grave lesão fez o Flamengo costurar um futuro acordo sem pressa e sem temer concorrentes, em nome da boa relação com o jogador. Agora, Bruno Henrique ganha um trunfo para as negociações. O clube não acredita em leilão e sabe que terá que manter o atleta de 32 anos valorizado pelo que tem apresentado em seu retorno.
No Flamengo, perder Bruno Henrique é visto como algo impensável. Ainda mais para um rival no Brasil. No Grêmio, tirar o jogador do clube mais rico do país também é visto como improvável. Renato Gaúcho sabe da brecha para tentar convencer o atleta pelo lado pessoal, uma vez que ambos têm relação muito boa. Mas até o técnico entende que o cenário é desfavorável.