Laudo do DPT atesta sanidade de médica que provocou acidente em Ondina
O laudo médico emitido pelos peritos do Departamento da Polícia Técnica (DPT) sobre o estado de saúde da médica Kátia Vargas Leal Pereira foi apresentado ontem, 16, pelos promotores de Justiça David Gallo e Nivaldo Aquino, durante coletiva de imprensa realizada no auditório da sede de Nazaré do Ministério Público estadual. Segundo os promotores, o laudo conclui que a oftalmologista não apresenta lesão externa e nem incapacidade física, mas se encontra apenas com o estado psíquico alterado, em razão de choque emocional resultante das consequências do ocorrido na última sexta-feira, 11.
Assim, ela já poderia receber alta, segundo o laudo. Com base no documento, David Gallo e Nivaldo Aquino informaram que a qualquer momento a acusada por duplo homicídio qualificado deve ser transferida para o presídio feminino, na Mata Escura, podendo ser antes ouvida pela polícia, caso não invoque o direito de silêncio. A definição de hora e dia da transferência é de responsabilidade da autoridade policial. Os promotores acreditam, no entanto, que isso deve ser realizado até amanhã, 17, pois as autoridades policiais já estariam cientes do laudo.
Nivaldo Aquino disse ainda que “independente do laudo”, o MP já havia requerido da direção do hospital particular onde a médica se encontra internada explicações sobre quem a recepcionou, a especialidade de quem acompanhou a acusada, sobre se houve assistência de pessoas estranhas ao corpo médico, e sobre qual o procedimento normalmente adotado pela unidade hospitalar em caso de pacientes custodiados. Segundo o promotor, caso haja elementos que comprovem adoção de medidas protelatórias que acabaram por impedir a atividade da polícia, o MP pode acionar os responsáveis pelo impedimento de acordo com o artigo 29 do Código Penal, que prevê pena para quem de alguma forma concorre com o crime. Além do hospital, o MP também requereu da coordenação do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) que justifique o encaminhamento da médica a um hospital privado, em vez de a uma unidade pública, prática adotada em casos de eventos traumáticos.
A prisão preventiva de Kátia Vargas Leal Pereira foi decretada ontem, 15, pelo juiz Moacir Pitta Lima. Os promotores afirmaram que a médica deve ser denunciada por homicídio doloso, com intenção de matar, qualificado por motivo torpe, sem oferecer chance de defesa às vítimas, e por causar situação de perigo ao público. “O dolo é direto, ela usou o veículo como uma arma”, afirmou David Gallo.