Lava Jato, canonização e destruição de empregos

 

Operação Lava Jato desempregou em Pernambuco cerca de 100 mil pessoas 

O ministro Gilmar Mendes declarou em Londres neste final de semana o que outras pessoas do meio jurídico gostariam de dizer mas não têm coragem: que a Operação Lava Jato passou por um momento de “canonização” quando identificou a roubalheira na Petrobrás e começou a mandar para a cadeia bandidos de “colarinho branco”. O apoio da população ao juiz Sérgio Moro era tão exacerbado, diz ele, que qualquer questionamento que se fizesse aos excessos dos procuradores de Curitiba logo era visto como atitude “antipatriótica” e “antirrepublicana”. Agora, em artigo para a  “Folha de São Paulo” (6/7), o ex-ministro Nélson Barbosa fez outra leitura sobre a Lava Jato que tem tudo a ver com a Pernambuco. Que ela é responsável pela “paralisação excessiva de investimentos e a destruição desnecessária de empregos”.

De fato, ao direcionar suas armas para as empresas envolvidas na Operação e não para as pessoas que as comandavam, os procuradores prestaram notável desserviço ao país. Hoje, todo mundo lembra da Odebrecht, mas ninguém se recorda dos nomes dos ex-diretores que fizeram delação premiada. Ou seja, era perfeitamente possível castigar os corruptos e preservar as empresas, mas se colocou tudo num pacote só. Imagine um diretor do Banco do Brasil envolvido em falcatrua. Vai-se destruir a imagem da instituição por causa disto? Origina-se daí o que Nélson Barbosa chamou apropriadamente de “paralisação excessiva de investimentos e destruição desnecessária de empregos”. Focando no plano local, basta observar o que ocorreu em Suape em decorrência da Lava Jato: o fechamento de aproximadamente 100 mil postos de trabalho. Num Estado pobre como Pernambuco, é uma tragédia! Isso não significa compactuar com a corrupção e sim ter um olhar crítico sobre esta Operação, que não pode e nem deve ser a única preocupação do país.

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