A Operação Lava-Jato chegou ao Corinthians. O ex-presidente do clube paulista e deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP) virou alvo de um inquérito sigiloso instaurado com autorização do ministro Teori Zavascki, relator dos processos do petrolão no Supremo Tribunal Federal (STF). A Procuradoria-Geral da República(PGR) suspeita que o parlamentar petista tenha praticado os crimes de corrupção passiva, tráfico de influência e lavagem de dinheiro. Além disso, os empreiteiros Emílio e Marcelo Odebrecht, em sua proposta de delação premiada, confirmaram que a empresa pagou caixa dois para a campanha de Sanchez em 2014. Os dois empresários ainda revelaram, num capítulo exclusivo sobre o estádio Itaquerão, que os ex-presidentes Lula e Dilma ajudaram a destravar financiamentos de 750 milhões de reais concedidos pelo BNDES e pela Caixa Econômica Federal para construir a arena que sediou a abertura da Copa do Mundo de 2014.
A Lava-Jato chegou ao Corinthians logo após a Polícia Federal apreender documentos nos escritórios da Odebrecht. Investigadores encontraram indícios de que a empreiteira pagou meio de milhão de reais em caixa dois para Sanchez durante as eleições em 2014. “Antonio Roberto Gavioli, diretor de contrato na Odebrecht Infraestrutura, vinculado à obra da Arena do Corinthians, em São Paulo, foi identificado como o contato para o pagamento ao codinome ‘Timão’ no valor de R$ 500.000,00”, diz a manifestação da PGR, obtida por VEJA. A anotação encontrada na Odebrecht está relacionada com o nome de André Luiz de Oliveira, conhecido como “André Negão”, atual chefe de gabinete de Sanchez na Câmara dos deputados.
Procurado, Sanchez negou que tenha recebido caixa dois da Odebrecht. “Eu não tenho nada, não pedi nada e não peguei nada”, disse. O advogado Cristiano Martins, que defende o ex-presidente Lula, disse que a “Lava-Jato não conseguiu apresentar qualquer prova sobre suas acusações contra Lula. Na ausência de provas, trabalha-se com especulações de delações”. Por meio de sua assessoria de imprensa, Dilma afirmou que “não teve acesso ao conteúdo da suposta delação, nem sabe sequer o nome do executivo que teria prestado depoimento”. Por isso, “não há o que comentar”.
O Itaquerão é apenas um dos cinco estádios da Copa do Mundo de 2014 que estão na mira da Lava-Jato. Reportagem de VEJA desta semana revela que, até o momento, foram identificados sobrepreços que somam 1,5 bilhão de reais – e indícios de pagamentos de propinas para governadores, parlamentares e partidos. O suposto esquema era semelhante ao modus operandi do petrolão: as grandes empreiteiras dividiram os projetos das arenas, receberam dinheiro público e molharam as mãos de políticos.