Letal, câncer de pulmão segue crescendo no Brasil e no mundo
A apresentadora Ana Maria Braga falou da descoberta de um câncer de pulmão em estágio bem inicial
No início da semana, no Programa Mais Você, da Rede Globo, a apresentadora Ana Maria Braga falou da descoberta de um câncer de pulmão em estágio bem inicial, que a possibilitou fazer a terapia adequada e retirar o tumor.
No seu depoimento, ela disse que, apesar de ter enfrentado anteriormente dois cânceres (de pele em 1991 e na virilha e no reto em 2001), ainda mantinha o hábito de fumar. “Eu poderia estar até hoje sem saber que estava com um problema no pulmão. Bill, meu companheiro hoje, me cobra muito e comecei a fazer ginástica. Ele dizia para eu parar de fumar e que eu precisava fazer alguns exames”, contou a apresentadora, destacando que, depois de muita insistência, marcou a consulta.
Na tomografia foi descoberto o tumor cancerígeno. “Vocês acompanharam a minha luta e eu sei o que se passa quando se faz uma radioterapia, quimioterapia. Fique estatizada. É um risco que toda pessoa que fuma tem”.
(Foto: Reprodução/Divulgação) |
O relato da apresentadora chamou atenção para um problema grave: em 90% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco, se tornando uma das principais causas de mortes evitáveis.
Estimativas em 2016
No Brasil, essa neoplasia foi responsável por 22.424 mortes em 2011. A última estimativa mundial apontou incidência de 1,82 milhão de casos novos de câncer de pulmão para o ano de 2012, sendo 1,24 milhão diagnosticados em homens e 583 mil em mulheres.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, a estimativa para 2016 é que surjam 28.220 novos casos, sendo 17.330 homens e 10.890 mulheres.
Na literatura médica, evidências mostram que pessoas que têm câncer de pulmão apresentam risco aumentado para o aparecimento de outros cânceres e que irmãos, irmãs e filhos de pessoas que tiveram câncer de pulmão apresentam risco levemente aumentado para o desenvolvimento desse tipo de câncer.
De acordo com o oncologista do grupo de oncologia torácica da Clínica AMO, Iuri Santana, apesar das pessoas estarem fumando menos, a incidência de câncer de pulmão não reduziu porque ela é um reflexo dos anos 70 e 80, quando o tabagismo era moda e não havia uma cultura de conscientização sobre os malefícios do hábito.
“As mudanças de hábitos auxiliam muito, mas é preciso fazer mais. Hoje, por exemplo, o Brasil – por meio das sociedades de especialidades médicas e o Ministério da Saúde – discutem a possibilidade de implementação de sistema de rastreamento precoce”, esclarece.
Segundo o especialista, esse tipo de rastreamento seria feito com tomografia com baixas doses de radiação e teria como meta principal a identificação de lesões pré malignas em pacientes fumantes, especialmente naqueles que fumaram por mais de 30 anos.
“Nos Estados Unidos, essa iniciativa já é adotada. No Brasil, no entanto, ainda há uma questão de custos para o procedimento no Sistema Único de Saúde”, esclarece ele, ressaltando que a taxa de cura em pacientes que tiveram a lesão detectada no início pode alcançar até 90% dos casos.
Outro aspecto importante destacado pelo médico diz respeito ao fato de que o tabagismo precisa ser encarado como doença. “O dependente de tabaco não é fraco, ele tem uma doença grave”, explica.