Levitsky alerta o Brasil para ter cuidado com a democracia

 

Autor do já consagrado Como as democracias morrem, o cientista político norte-americano Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvad, numa entrevista dada ao repórter desta Folha, Renato Raposo, faz um alerta aos brasileiros para preservarem a democracia, que não estaria totalmente sólida em nosso país mesmo depois do advento da Constituição de 88. O livro trata da ascensão de líderes autoritários ao poder, pelo voto popular, citando casos como o de Hugo Chavez, na Venezuela e de Rodrigo Duterte, nas Filipinas, os quais depois de eleitos não manifestaram o menor apreço pelo regime democrático.

Mas não inclui ainda o brasileiro Jair Bolsonaro, que está na iminência de tornar-se presidente do maior e mais influente país da América do Sul com os votos de pelo menos 50 milhões de brasileiros. Bolsonaro é um fenômeno eleitoral a ser estudado pelos politólogos e historiadores depois de sua provável vitória no próximo dia 28. Ele nunca se destacou na Câmara como deputado federal e de repente tornou-se a opção de milhões de brasileiros que se desencantaram com os dois principais partidos que se revezaram no poder entre 1995 e 2016: o PSDB e o PT. E o que é pior: sem nunca ter demonstrado apreço pela democracia, que sempre tratou como mercadoria de segunda classe. A facada que ele levou em Juiz de Fora pode até tê-lo tornado mais conhecido, mas não foi determinante para sua vitória no primeiro turno. É mais um “case” a ser estudado pelo professor Levitsky, a fim de ser incluído na próxima edição de Como as democracias morrem.

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