Líder indígena “Cavalo Louco” morre após ser capturado nos EUA

Ele liderou algumas das maiores batalhas do povo indígena contra a Marcha para o Oeste norte-americano

Em 5 de setembro de 1877, o grande líder indígena norte-americano Crazy Horse (Cavalo Louco) foi morto após ter sido feito prisioneiro, atravessado por uma baioneta de um dos guardas do Camp Robinson, sob a alegação de uma suposta tentativa de fuga.

No dia 25 de junho de 1876, uma surpreendente ação de 3 mil índios das tribos Sioux e Cheyenne, liderada por Cavalo Louco e Touro Sentado, conseguiu acabar com o General George Armstrong Custer e seu destacamento, naquela que ficou consagrada como a Batalha de Little Bighorn. Nenhum soldado norte-americano sobreviveu para contar a história e apenas versões indígenas registraram o massacre daquele verão das planícies do estado de Montana, Estados Unidos.

Crazy Horse jamais se deixou fotografar. Dizia que a fotografia rouba a alma das pessoas. Em sua homenagem, muito tempo depois, o Forte Robinson ergueu um monumento, em cuja placa se lê: “Chefe Crazy Horse. Oglala Chefe-Guerreiro da Nação Sioux, morto próximo a este monumento em 5 de setembro de 1877. Um grande chefe de caráter heróico. Lutou até o fim para garantir a terra nativa para o povo indígena”.

O seu corpo foi levado pelos pais para as planícies, para ser enterrado longe do local onde assassinaram o filho. Ninguém até hoje jamais soube o local exato de seu sepultamento.

Crazy Horse (no idioma dakota “Ta-sunko-witko”) foi um respeitado ameríndio sioux, líder militar da tribo Oglala lakota, que lutou com seu povo contra o governo federal a fim de preservar as terras e tradições dos lakotas à segunda metade do século XIX nas chamadas Guerras Indígenas dos Estados Unidos.

Descendia de Búfalo Negro, um dos chefes índios que detiveram a expedição exploratória de Lewis and Clark em Bad River.

Além dos confrontos com a cavalaria militar, Cavalo Louco participou de inúmeras batalhas contra as tribos rivais: Crow, Shoshone, Pawnee, Blackfeet. Depois do massacre de 1864 em Sand Creek, mostrado no filme Soldier Blue, os Lakota (Sioux) se juntaram aos Cheyenne contra a Cavalaria do Exército. Mostrando-se valente e aguerrido, Cavalo Louco se tornou em 1865 Ogle Tanka, uma espécie de Senhor da Guerra dos indígenas.

Em 2 de agosto de 1867, Crazy Horse participou do ataque a Wagon Box Fight, batalha da conhecida guerra do chefe Red Cloud (Nuvem Vermelha) – 1866-1868. Depois de os exploradores das minas de Black Hills terem desrespeitado o Tratado de Fort Laramie (1868), assinado pelo chefe cheyenne Little Wolf (Pequeno Lobo) para pôr fim à guerra, e matado o índio Little Hawk (Pequeno Falcão), Cavalo Louco e Touro Sentado realizaram o primeiro grande ataque às tropas militares na batalha de Arrow Creek em agosto de 1872.

Em 17 de junho de 1876, Crazy Horse e mais de 1500 índios atacaram o general George Crook na Batalha de Rosebud, dando início à chamada Guerra Sioux. Em 25 de junho de 1876, Custer atacou um acampamento de Lakotas e Cheyennes, dando início à Batalha de Little Big Horn que dizimou por completo sua unidade. Cavalo Louco empreenderia a maior batalha contra a Cavalaria em 8 de janeiro de 1877 em Wolf Mountain, Montana.

Em 5 de maio de 1877, rendeu-se junto ao seu povo cansado e faminto, às tropas do general Crook em Nebraska.
Em 1947, começou a construção do monumento em homenagem a Cavalo Louco situado no monte Thunderheade, em Custer, Dakota do Sul, pelo escultor Korezak Ziolkowski em lugar escolhido pelo filho de Crazy Horse. O monumento tem 170 metros de altura e 195 de comprimento e representa Cavalo Louco montado em seu pônei.

O genocídio dos povos indígenas dos Estados Unidos durante o século XIX, que resultou no massacre de milhões e na destruição irreversível de várias culturas, disfarçado sob a máscara de uma guerra indígena, teve características próprias que diferem do que aconteceu no restante do hemisfério americano. A limpeza étnica do oeste norte-americano tornou-se política oficial do governo, que passou a declarar guerra às tribos indígenas sob qualquer pretexto.

Wikimedia Commons

Os apaches foram destruídos pela ação do exército após a entrada ilegal de exploradores mineiros e bandidos em seu território. A eliminação dos índios também foi defendida porque eles dificultavam o trabalho dos empreiteiros e empresários de ferrovias que cortavam suas terras com a malha viária, destruindo em sua passagem suas lavouras de subsistência, substituídas por lavouras comerciais levadas aos mercados consumidores através do sistema ferroviário implantado. Os indígenas foram paulatinamente empurrados pelo governo norte-americano para territórios cada vez mais áridos, inférteis, isolados e diminutos. O antigo Território Indígena, que cobria a superfície de quatro estados da União, acabou sendo abolido e trocado por pequenas e esparsas reservas indígenas.

O autor Dee Brown escreveu em “Bury my Heart at Wounded Knee, publicado no Brasil sob o título “Enterrem meu coração na curva do rio” um emocionante relato do que foi a dizimação das nações peles-vermelhas em nome da “conquista do oeste”, irrefreável e sem lei, dos Estados Unidos.

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