Lindomar lança pré–candidatura de Prefeito em Uauá com possibilidade de filiação ao PCdoB
Ação Popular
Durante entrevista exclusiva cedida ao AP sobre o lançamento de sua pré-candidatura a Prefeito de Uauá, Lindomar Dantas (PT) mostrou-se determinado em sair do seu Partido com possibilidade de filiação ao PCdoB e, ainda, evitou tecer críticas aos aliados que fizeram parte de sua campanha em 2012. Quem não gostou da decisão foi o ex-prefeito Jorge Lobo por se sentir acuado de todo o processo já que o mesmo é também pré-candidato a prefeito e tem percorrido o município tentando organizar a sua campanha.
Com a decisão de abraçar a pré-candidatura, Lindomar conseguiu mudar o quadro político eleitoral hoje vivenciado no município. “A preparação é um processo de toda a vida e enfrentamos esse processo em 2012 e estamos mantendo o nosso projeto de governar Uauá e servir aos interesses do povo de Uauá. Estamos tentando melhorar a capacidade de conhecimento da técnica administrativa, das relações políticas, reavaliação das alianças e a necessidade de construir mais proximidades com diferentes forças que cuidam do interesse do município e a partir daí fortalecer o projeto que está ao redor do meu nome”, disse Lindomar.
Racha no Grupo
Em 2012, Lindomar teve apoio de um grupo formado por Jorge Lobo, João Alves, Jairo Rocha, Miroval Marques e Deusdete Ferreira (GUGU) e hoje o grupo se dividiu com cada um sendo pré-candidato. “A minha compreensão sobre a política é um trabalho a ser realizado; tem hora para começar e terminar e para se credenciar o trabalho procuramos proximidades com pessoas que entendem a perspectiva da política e a partir daí vamos tentando juntar as pessoas; e em 2012 conseguimos colocar isso para frente, construímos um palanque, infelizmente não conseguimos assumir o cargo de prefeito, mas elegemos seis (06) vereadores; de lá pra cá todos sabem que a política é dinâmica e temos que respeitar o que é natural – as pessoas na medida que se projetam no ambiente da política, elas querem galgar outros objetivos, então tem que levar adiante as suas pretensões. Ainda não fui informado das possíveis pré-candidaturas, inclusive tenho me encontrado com essas pessoas e estou sentindo uma reaproximação das forças e projetos, acho que é precipitado cogitar nomes, mais do que nomes temos que pensar em como governar Uauá. Acho que todos podem ser candidatos, mas precisamos nos unir e ter um bom nome, eu sei que existem amigos que estão circulando no interior e estão encontrando muitas demandas das gestões anteriores. Eu quero ser um parceiro da construção política de Uauá, algumas pessoas não acham esse termo ‘parceria’ muito bom, pois estão acostumadas com a época do coronelismo que tomava todas as decisões, em matéria de candidaturas; o jogo está aberto e aqui podem existir centenas de pré– candidaturas, sabemos que as pessoas estão passando por uma forte descrença na política e a critica é grande contra o PT, isso é geral e desanima. Se meu nome ainda está sendo discutido na política de Uauá, foi graças as relações maduras e sérias construídas com a população no ano de 2012, trabalho esse que foi construído com João Alves, inclusive neste último final de semana estivemos juntos visitando algumas comunidades; não iremos decidir nada com antecedência, é o conjunto de forças políticas que vai dizer como as coisas serão compostas, pode ser até que meu nome se mostre inviável para a minha participação na política, então ainda não tenho direito de me impor e de fechar chapa nenhuma. Estamos com o processo aberto e em marcha; há uma aproximação de trabalho com João Alves, mas se ele achar que deve seguir em outras desculpas, ele tem todo direito”, asseverou Lindomar.
Relacionamento com Jorge Lobo
Sobre as críticas feitas pelo ex-prefeito Jorge Lobo, ele foi direto. “Ele é meu amigo e em 2012 tivemos a oportunidade de estar no mesmo palanque; depois de 8 anos à frente da Prefeitura, ele acumulou em seu patrimônio de vida pública, criticas, observações e méritos de tudo que ele fez. Essas criticas eu vejo com naturalidade; já na eleição de 2014, ele construiu, em um campo contrário, outra política com Paulo Souto e Aécio Neves, mas isso não limitou o nosso dialogo, não houve nenhuma intriga e nenhuma indisposição com ele, pelo contrário, eu respeito os caminhos que foram tomados por ele. Nos falarmos eventualmente, mas ainda não temos nenhuma reaproximação política com ele”, pontuou Lindomar.
Dois pré-candidatos no partido em Uauá
“Dentro do PT temos uma relação de muita maturidade e respeito; foi divulgado na imprensa a possível candidatura de Miroval; sabemos que isso é possível mas Miroval já afirmou para mim que não existe nenhuma pretensão por parte dele. Estamos diante de um processo de bastante abertura, sabemos que o nome de Miroval é importante até porque ele tem um trabalho muito bem desenvolvido e tem bastantes relações na política. O PT é dinâmico e consegue fazer convergência de militantes e forças públicas e muitas vezes constrói agendas que são conflitantes; sou filiado há mais de 20 anos ao partido e estou passando por tudo isso. Queremos dar a legitimidade do processo interno para rediscutir os caminhos de Uauá, eventualmente construindo outras pré-candidaturas; sabemos que o nome de Miroval é bem respeitado no município e vem acompanhando todos os movimentos da nossa cidade; a bandeira que construímos em 2012 foi apropriada pelo eleitorado e hoje eu me sinto muito maior do que o PT; me esforcei para estar aqui, falo a palavra ‘maior’ no aspecto de que a vida pública exige que as nossas identidades sejam construídas sem as amarras da ideologia e eu construí isso; meu nome é a opção do futuro; vou fazer uma política moderna, capaz de fazer interlocução com os movimentos sociais e com o próprio cidadão, mas se eu não cuidar disso, vou ficar enfraquecido e daí vem a necessidade de abrir espaços para outros diálogos que tem nos procurado, a exemplo, do PTN, PSD, PCdoB, entre outros. Precisamos avaliar os caminhos que temos para fortalecer a nossa marcha”, pontuou Lindomar.
Evasão do PT
“É fato que o país vive uma crise profunda da estrutura do estado e da política e quem está pagando o maior preço é o PT por conta que ele que está governando. O PT não é culpado por todos os problemas que existem no Brasil, ele é culpado por hoje está na gestão e ver pipocar todas essas coisas, se formos ver o que significa Lava Jato vamos constatar que tem muito mais políticos da base aliada identificados de que o próprio PT tem, as pessoas estão vivendo o momento onde há uma preocupação de vida pública, seja na cidade, no campo, nos serviços públicos e o PT fez muito nesse sentindo, é natural que o partido seja cobrado por esse eleitorado que os qualificou. No meu caso eu não me preocupo muito com a crise e sim com o que posso construir em Uauá, espero que o PT tenha alguma sensibilidade com a nossa cidade. O eleitorado de Uauá apostou no PT e hoje o que buscamos aqui é o mínimo, agora não posso me posicionar sobre esses problemas que estão aparecendo no país alguns com fundamentos e outros sem, não estou disposto a fazer esse tipo de defesa, até porque muitas das vezes nem consigo me movimentar aqui, eu pago para fazer política, trabalho para me manter e assegurar na política”.
Sem mágoas
“Minha luta foi reconhecida e valorizada pelo povo de Uauá; tive a oportunidade de disputar uma eleição forte com o atual prefeito Olímpio Cardoso; corri o risco de ganhar a eleição sem precisar ter ninguém da grande estrutura do estado no meu palanque; fizemos todas as articulações antes e quem me assumiu foi a população, mágoas não existem. Sou preparado dentro de um processo de educação vindo dos movimentos da Igreja Católica onde aprendemos que é preciso resignificar as coisas e nem tudo que é mágoa, tristeza, negativo, é simplesmente porque é; por trás disso tem outras coisas que você é capaz de fazer; tenho hoje a referencia do eleitorado e esse é o maior ganho e sentimento. Não posso me colocar à disposição de construir um resultado diferente do que eu fiz porque quero governar bem Uauá, unindo as forças políticas”, assinalou Lindomar.
Novas conexões
“A partir de agora, surgem os elementos que precisamos: são as capacidades de interlocução e fortalecimento da nossa chegada junto aos órgãos do estado, dentre elas, com o PC do B regional, onde já temos conversado e avaliado e olhando, ao meu ponto de vista, há um sentimento de revigoramento da luta a partir dessa ‘trincheira do PC do B’, até porque a eleição do companheiro Zó foi uma demonstração de oxigenação dentro do processo; ele foi vereador de Juazeiro e se tornou deputado estadual, voltando hoje às bases e isso pode acontecer com outras lideranças, inclusive eu também poderia fazer parte desse quadro. É importante analisar a agenda de trabalho e conexões que vamos manter. Temos em Juazeiro um cenário que pode favorecer muito essa construção; agora o PC do B tem que repensar e dentro desse dialogo estou na tentativa de fortalecer o que propus nas eleições de 2012: estou na política para realizar sonhos. Eu sei da importância do PC do B aqui em Uauá e queremos ver a convergência do plano dos seus membros para a nossa cidade; são questões que ainda vão se aproximar até porque ainda vou conversar com o deputado Zó e o Prefeito Isaac Carvalho; todos sabem que romper vínculos e laços tem que ter muita delicadeza e eu respeito isso muito… sabemos que o PT tem as suas agendas internas para cuidar, mas não podemos ignorar o que foi construído”, finalizou Lindomar Dantas.