Entre as 700 toneladas de medicamentos comprados pela Secretaria estadual de Saúde e incinerados por perda da validade, estão milhares de remédios para pressão, fitas de medição de glicose, biolarvicida para combate à dengue, antibióticos e até 6 milhões de abaixadores de língua. O EXTRA teve acesso à lista, obtida pela Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que investiga o caso. A queima dos medicamentos e insumos, ocorrida entre 2014 e 2015, foi denunciada pela revista “Veja”. Outras 300 toneladas de remédios, já com a validade expirada mas ainda não incineradas, estão em centrais de abastecimento da Secretaria estadual de Saúde, em Niterói, Região Metropolitana do Rio, e na Pavuna, Zona Norte.
Na lista dos medicamentos e materiais hospitalares, estão:
– 1.543.400 comprimidos de Captopril, remédio para pressão;
– 1.331.000 de Propranolol, outro medicamento para controle de pressão;
– 1.052.200 fitas para medicação de glicose;
– 375.050 frascos de biolarvicida para combate ao mosquito da dengue;
– 6.032.200 abaixadores de língua;
-135.840 comprimidos de Ampicilina sódica, um antibiótico;
Segundo uma estimativa da Comissão de Orçamento, para incinerar as mil toneladas de remédios, entre os já descartados e os ainda estocados, serão gastos cerca de R$ 2,8 milhões.
A descoberta do desperdício de recursos é resultado da corregedoria criada pelo então secretário de Saúde Felipe Peixoto, que deixou o cargo em janeiro, em meio a uma crise na pasta. Em dezembro, os serviços de pronto-socorro das principais unidades de saúde do estado fecharam as portas. Na ocasião, o governador Luiz Fernando Pezão decretou situação de emergência no estado.