Lula fecha o ano em crescente desaprovação

Opinião

Na estratificação da pesquisa do PoderData, na qual a reprovação da gestão Lula chega a 49%, a maior de todas, há dados que acendem a luz amarela no Palácio do Planalto. Quando se compara os governos Lula e Bolsonaro, apenas 37% acham o do petista melhor. Entre os que votaram em Lula, 18% estão entre os que reprovam o modelo, a gestão e a forma de Lula gerir o País.

O levantamento mostra ainda que 21% dos entrevistados não veem diferença significativa entre o atual governo e o anterior. Outros 4% não souberam responder. Considerando-se a curva longa, desde o início da administração do petista, o Lula 3 vem diminuindo sua vantagem em relação ao seu antecessor. O grupo que declarava que a gestão petista é “melhor” que a do ex-presidente saiu de 46%, em abril de 2023, para 37%, agora.

Já a taxa de eleitores que se identificam como católicos e dizem preferir o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao de Jair Bolsonaro (PL) despencou 15 pontos percentuais desde janeiro de 2024. No início deste ano, havia 59% dos eleitores declarando que a gestão petista era “melhor” que a bolsonarista. Em maio, a taxa já havia caído para 48%.

Agora, está em 44%. Na outra ponta, 35% dos brasileiros afirmam que o governo atual é “pior” que o seu antecessor. O número oscilou dois pontos percentuais para cima desde janeiro e quatro pontos desde outubro, a última vez que a pesquisa foi feita. Os percentuais registrados nesta rodada representam o pior cenário para o petista dentre os fiéis da Igreja Católica desde o início do mandato.

A diferença entre os católicos que preferiam Lula e os que preferiam o seu antecessor era de 25 pontos percentuais na posse, uma situação muito confortável para o petista. Hoje, essa diferença caiu para 9 pontos. A vantagem ainda existe, mas a trajetória das curvas é desfavorável para o presidente. O cenário no eleitorado que se considera evangélico sempre foi mais negativo para o atual presidente.

Nesse estrato específico, 50% dos entrevistados dizem que o atual governo é “pior” que o seu antecessor. Eram 55% em janeiro de 2023.  Ao passo que os que declaram que a gestão petista é “melhor” que a bolsonarista eram 27% na posse, avançou para 33% no início deste ano, mas voltou a cair. Agora, está em 22%.

MAIS DE 10 MILHÕES INSATISFEITOS – Nas eleições de 2022, Lula recebeu 60.345.999 votos no 2º turno contra 58.206.354 de Bolsonaro. Isso significa que os percentuais de insatisfeitos equivalem a algo perto de 10,86 milhões de eleitores, número cinco vezes maior que os 2,14 milhões de votos que decidiram a eleição em favor do petista. Apesar disso, o PoderData, do site Poder360, também mostra um cenário inverso. Dentre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), há uma parcela expressiva que, hoje, avalia positivamente a gestão petista: 11% declaram “aprovar” o governo Lula e outros 8% avaliam o desempenho do atual presidente como “bom” ou “ótimo”.

Sem controle na alta do dólar – Na economia, o Governo Lula fecha ano com o dólar nas estrelas e sem saída para conter a sua alta. Integrantes do governo defendem, em reserva, que Lula (PT) precisa mandar um recado claro e direto ao mercado para tentar conter a escalada do dólar. A avaliação é a de que falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, perderam força, e que apenas uma manifestação de Lula que demonstre o compromisso do governo com a busca de soluções para controlar o endividamento público poderia reverter o cenário. Na última quarta (18), o dólar fechou em forte alta e bateu mais um valor recorde de cotação: R$ 6,2672. Com alta de 2,82%, é a maior alta percentual desde 10 novembro de 2022 (4,10%).

Rasteira no Congresso – O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, fez, ontem, uma ofensiva certeira ao Congresso Nacional ao bloquear o pagamento de R$ 4,2 bilhões de emendas. Líderes envolvidos com o desenho do Orçamento de 2025 apontam que a decisão veio num momento em que o Legislativo não pode reagir, não somente porque está em recesso, mas porque passa por um momento de vácuo de poder nas duas Casas. Até fevereiro, não deve reagir porque os presidentes Arthur Lira, da Câmara, e Rodrigo Pacheco, do Senado, estão de saída, ao mesmo tempo que Hugo Mota e David Alcolumbre, os sucessores, ainda não assumiram seus cargos oficialmente.

Relações públicas – A surpreendente escolha do ex-deputado Raul Henry, presidente estadual do MDB, para a pasta de Articulação Institucional da Prefeitura do Recife, só se explica pelo fato dele ser um bom relações públicas em Brasília. Deve ter recebido a delegação de acompanhar projetos de interesse do prefeito na corte e abrir portas pelo trânsito que ganhou por lá. Se for para cuidar da relação com a Câmara, João estará em maus lençóis, porque Henry está fora de combate na província há muito tempo e não deve conhecer sequer 30% da composição do parlamento municipal.

Por: Magno Martins

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