Lula planeja reunião com Pacheco e líderes para evitar novos reveses no Senado
Depois de consolidar a relação do governo com a Câmara, o presidente busca afinar as negociações com o Senado, de olho em votações importantes na Casa
Diante desse cenário, Lula demonstrou sua intenção de se reunir com Pacheco nos próximos dias, conforme informações de fontes do Planalto e do Senado. Embora já tenham se encontrado em diversas ocasiões desde o início do ano, a última reunião entre ambos ocorreu há mais de um mês. O objetivo é buscar um entendimento para aprovar a reforma tributária e confirmar nomeações para a diretoria do Banco Central, com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Além disso, existem outros embates iminentes, como a votação da PEC que limita decisões individuais e pedidos de vista no STF, bem como o projeto que estabelece mandatos para ministros da Corte. O governo está preocupado com o risco de conflitos interinstitucionais decorrentes dessas pautas, o que poderia atrapalhar a agenda legislativa e afetar a imagem do governo.
Outra frente de conflito envolve uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar a atuação de ONGs na Amazônia, com a gestão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no centro das críticas. A CPI é dominada por opositores de Lula. As dificuldades do Planalto no Senado se agravaram no segundo semestre, com a rejeição ao nome de Igor Roque para a DPU, sinalizando oposição ao governo. Parlamentares de oposição utilizaram esse resultado para argumentar que a eventual indicação do ministro Flávio Dino (Justiça) para o STF também enfrentaria resistência, devido aos embates frequentes com bolsonaristas.
Além disso, a questão do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, considerado inconstitucional pelo STF, representou mais uma derrota para o governo. Lula vetou partes do projeto, mas a tendência é que o Congresso derrube o veto, com o apoio de senadores. Esses desafios no relacionamento com o Senado surgiram após um início de ano em que a base aliada apoiou a reeleição de Pacheco para a presidência da Casa. No entanto, ao longo do mandato, o governo estreitou seus laços com a Câmara dos Deputados, especialmente com a entrega do comando da Caixa Econômica a um nome indicado pelo Centrão, com a aprovação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Nos bastidores, senadores buscam uma maior influência sobre os recursos do antigo orçamento secreto, atualmente sob o controle dos ministérios, com indicações parlamentares.