Lula planeja reunião com Pacheco e líderes para evitar novos reveses no Senado

Depois de consolidar a relação do governo com a Câmara, o presidente busca afinar as negociações com o Senado, de olho em votações importantes na Casa

Lula e Rodrigo Pacheco
Lula e Rodrigo Pacheco (Foto: Pedro França/Agência Senado | Ricardo Stuckert/PR | Jefferson Rudy/Agência Senado)
Após consolidar sua relação com a Câmara dos Deputados, mas continuar enfrentando reveses no Senado, o presidente Lula (PT) está tomando medidas para reverter essa situação e, nos próximos dias, planeja se reunir com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e também buscará o apoio de líderes partidários, com o objetivo de evitar futuras derrotas na Casa, informa o jornal O Globo.Em uma tentativa de apaziguar a oposição e já tentando angariar apoio para a eleição de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), seu aliado, para presidente do Senado, Pacheco tem apoiado projetos alinhados à pauta conservadora. Na semana passada, a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), acusou Pacheco de servir à extrema direita ao pautar a PEC que limita decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Diante desse cenário, Lula demonstrou sua intenção de se reunir com Pacheco nos próximos dias, conforme informações de fontes do Planalto e do Senado. Embora já tenham se encontrado em diversas ocasiões desde o início do ano, a última reunião entre ambos ocorreu há mais de um mês. O objetivo é buscar um entendimento para aprovar a reforma tributária e confirmar nomeações para a diretoria do Banco Central, com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Além disso, existem outros embates iminentes, como a votação da PEC que limita decisões individuais e pedidos de vista no STF, bem como o projeto que estabelece mandatos para ministros da Corte. O governo está preocupado com o risco de conflitos interinstitucionais decorrentes dessas pautas, o que poderia atrapalhar a agenda legislativa e afetar a imagem do governo.

Outra frente de conflito envolve uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar a atuação de ONGs na Amazônia, com a gestão da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no centro das críticas. A CPI é dominada por opositores de Lula. As dificuldades do Planalto no Senado se agravaram no segundo semestre, com a rejeição ao nome de Igor Roque para a DPU, sinalizando oposição ao governo. Parlamentares de oposição utilizaram esse resultado para argumentar que a eventual indicação do ministro Flávio Dino (Justiça) para o STF também enfrentaria resistência, devido aos embates frequentes com bolsonaristas.

Além disso, a questão do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, considerado inconstitucional pelo STF, representou mais uma derrota para o governo. Lula vetou partes do projeto, mas a tendência é que o Congresso derrube o veto, com o apoio de senadores. Esses desafios no relacionamento com o Senado surgiram após um início de ano em que a base aliada apoiou a reeleição de Pacheco para a presidência da Casa. No entanto, ao longo do mandato, o governo estreitou seus laços com a Câmara dos Deputados, especialmente com a entrega do comando da Caixa Econômica a um nome indicado pelo Centrão, com a aprovação do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Nos bastidores, senadores buscam uma maior influência sobre os recursos do antigo orçamento secreto, atualmente sob o controle dos ministérios, com indicações parlamentares.

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