O presidente Luiz Inácio Lula da Silva emitiu uma determinação aos ministros de seu governo para que não compareçam mais a eventos organizados pelo Lide, fundado pelo ex-governador de São Paulo, João Doria. De acordo com informações de ministros e interlocutores frequentes de Lula, o presidente foi explícito em seu pedido, deixando claro que não deseja de forma alguma que membros do primeiro escalão do governo emprestem seu prestígio aos encontros promovidos pelo ex-governador, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo, em sua coluna na Folha.

Essa posição de Lula vem à tona após alguns meses em que o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o ministro da Defesa, José Múcio, participaram de eventos organizados pelo Lide. Diante disso, Lula manifestou seu desconforto diretamente a José Múcio. Posteriormente, ele também comunicou sua contrariedade a outros auxiliares do governo.

É importante ressaltar que João Doria sempre adotou uma postura de oposição frontal a Lula, mantendo suas críticas mesmo após enfrentar embates mais acirrados com o ex-presidente e com Jair Bolsonaro (PL). Em relação às eleições presidenciais de 2022, Doria declarou que votaria nulo no segundo turno, justificando sua posição pela “falta de comportamento moral e lisura no tratamento do dinheiro público” nos governos de Lula. Em episódios anteriores, quando Lula foi preso em 2018, João Doria chegou a afirmar que levaria “chocolates” ao ex-presidente na prisão.

O próximo evento de João Doria, o “Brazil Development Forum”, já divulgou sua programação oficial, e nela não constam ministros de Lula na lista de participantes. Entre os presentes previstos estão o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), governadores como Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte (membro do PT), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de prefeitos e empresários.