Lula sabe o que eu penso e eu sei o que ele pensa, diz Dirceu em ato do MST
Aplaudido e tietado pelos militantes em ato de comemoração dos 40 anos do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse à Folha que tem falado pouco com o presidente Lula (PT). “Ele sabe o que eu penso e eu sei o que ele pensa.”
Sentado na primeira fileira do ato, entre o ministro Marcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e o presidente da CUT, Sérgio Nobre, Dirceu disse que tem relação com os ministros do governo e com o partido e que por isso não precisa falar com Lula —exceto por datas comemorativas, como no fim do ano e em aniversários. “Ele tem mais o que fazer do que conversar comigo.”
Condenado na Lava Jato, Dirceu aguarda em liberdade o julgamento de recursos. Com os direitos eleitorais e políticos suspensos, ele disse que não pensa em voltar a ocupar um cargo político. No ato, vários militantes se organizaram para tirar fotos com ele.
“Meu horizonte agora é ajudar na eleição de 2024, terminar meus processos, reorganizar minha vida profissional e pessoal e andar pelo Brasil como sempre faço. Vou lançar meu segundo volume de memórias”, afirmou.
“Quando chegar em 2026 aí vou conversar com o PT, com meus companheiros, e tomar uma decisão sobre o que eu vou fazer. Não tenho a definição.”
O ato deste sábado aconteceu na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP). O MST foi fundado em janeiro de 1984, no 1º Encontro Nacional do movimento, em Cascavel (PR).
Após o evento, Dirceu disse que hoje seu papel é ser um homem público, um militante político e ajudar na retaguarda o presidente Lula e o partido.
Na última semana, o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol criticaram nas redes sociais o fato de a emissora CNN Brasil ter entrevistado Dirceu, sugerindo que haveria uma operação para limpar sua imagem.
“Não tenho nada a dizer”, respondeu Dirceu quando questionado sobre as manifestações de Moro e Dallagnol. “Se dependesse das ilegalidades que ele praticou, dos crimes que eles praticaram, eu não estaria no debate. Mas a história não foi essa.”
Ana Luiza Albuquerque, Folhapress