Maceió afunda: o perigo vem do planalto, da terra e do céu

Do Jornal O Poder

Nesta próxima terça-feira (12), às 15 horas, está prevista a instalação, no Senado Federal, da CPI da Braskem. A empresa de mineração, um setor predatório e assassino desde o período colonial, cometeu o inimaginável desatino de escavar os subterrâneos de Maceió, capital de Alagoas, a uma profundidade média de 1.200 metros. E, para fazer jus ao nome do Estado, sua lagoa mais famosa, a de Mundaú, está com túneis para retirar sal-gema a essa profundidade sob a sua superfície.

Túneis com 30 metros de diâmetro e uma profundidade equivalente a 40 prédios de 10 andares, um em cima do outro. Já imaginou o que é isso?

CPI

Vai apurar o que todo mundo já sabe. Mas tem o mérito de dar visibilidade ao maior crime ambiental de todos os tempos cometido pela mineradora assassina. Omar Aziz ( PSD/AM), será o presidente. Renan Calheiros, que é o autor da proposta, será o relator. Renan é fera, ninguém duvida: com um só tiro atinge três alvos. Se posiciona como grande defensor do povo alagoano, carimba a vitória do seu grupo político nas eleições municipais e ajuda a depreciar ainda mais o valor da Braskem. Acreditem ou não, existem aves de rapina do mercado esperando para adquirir a mineradora quando o valor chegar ao fundo do poço. Melhor dizendo, ao fundo dos túneis.

De onde vem o perigo? As pessoas acharem que a CPI é para resolver o problema e relaxarem da vigilância e das medidas preventivas. Isso precisa ser bem explicado.

Perigo da terra

São cerca de 35 minas, algumas subaquáticas, que transformaram o subsolo de diversos bairros de Maceió numa taboa de pirulitos subterrâneos. Já dissemos acima: abaixo do nível do solo, a uma profundidade equivalente a 40 edifícios de 10 andares, um sobre o outro. Essa terra está afundando, ora mais, ora menos velozmente. Bateu os 2 metros de erosão, e o processo continua. Com a interligação dos túneis, o perigo se amplia. Com as escavações de alicerces e poços artesianos, pela população, a área de risco real se estende silenciosamente por grande parte da cidade, para a qual não existe alerta de risco.

Êxodo

Os afundamentos localizados e as rachaduras nas residências já foram responsáveis pelo maior êxodo urbano da história em tempos de paz. 60 mil pessoas já tiveram que abandonar suas casas. Muitas delas tangidas pela polícia.

Olha pro céu

Especialistas criteriosos alertam: as chuvas, caso se concentrem em um curto período, podem desencadear a tragédia. Os efeitos climáticos do El Nino podem ser um agravante.

Enquanto todas as atenções estão voltadas para o solo de Maceió, um pesquisador olha fixamente para o céu. Desde que foi dado o alerta de afundamento da mina 18 da Braskem, localizada no bairro do Mutange, Humberto Barbosa, professor e pesquisador da UFAL, monitora, preocupado, as nuvens. Ele diz que caso aconteça uma concentração de chuvas em torno de 200 mm (10% da média anual) em poucos dias, Maceió inteira estará sob ameaça. Caso o solo da lagoa afunde, até um tsunami de grandes proporções não está descartado.

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