Mãe de bebê não sabe que filho morreu: ‘Tristeza muito grande’, diz avó materna

Arthur da Silva Meira, de 3 meses, foi enterrado na manhã desta quarta-feira no Cemitério de Irajá, na Zona Norte

EDUARDO FERREIRA
Arthur Meira, de três meses: vida interrompida pela imprudência

Foto:  Reprodução

Familiares enterraram, na manhã desta quarta-feira, Arthur da Silva Meira, de apenas 3 meses, morto atropelado por um ônibus que seguia na contramão em Cordovil, na Zona Norte. Mesmo com a tristeza provocada pela perda precoce do bebê, a família vai precisar encontrar forças e contar para a mãe da criança, Patrícia da Silva Meira, sobre a morte do seu filho. Ela está em coma no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.

“Ela ainda não sabe que o filho morreu, está entubada e sedada, em estado grave na UTI do Getúlio Vargas. Não sei como vai ser. Só vou contar quando ela tiver alta para não prejudicar a recuperação”, revelou a avó materna do bebê, Elzira Ignácio, 56 anos.

Com a prisão do motorista, ela espera que a Justiça seja feita e que casos como este não voltem a se repetir. “Espero que outros Arthurs não morram e que o caso dele não seja mais um, esquecido. Que seja feita Justiça. A tragédia é muito grande, perdi uma filha caçula há dez meses. É uma tristeza muito grande”, desabafou.

Aos prantos, o pai de Arthur lamentava a abreviação da vida do seu filho, para quem tinha tantos planos. “Não vou ter a oportunidade de criar meu filho, para quem queria dar uma vida confortável. O motorista é um criminoso que tirou a vida do meu filho. Mesmo ficando preso, não vai trazer meu filho de volta. Eu ainda o amo tanto”, disse, chorando muito.

Outro familiar bastante emocionado era o pai de Patrícia, Jaciel Meira, de 60 anos. O aposentado se abraçou ao caixão do neto e disse: “Você me deu tanta alegria, agora estou tão triste.” Ele falou que agora é rezar para que sua filha sobreviva à tragédia. “Todo o tempo acompanhei meu netinho, o nascimento dele… agora estou rezando muito pela saúde da minha filha, que está em estado grave”, falou.

“Não desculpo o motorista, que poderia ter evitado. Que responda pelos atos dele. Espero que os outros (motoristas) tenham prudência e respeitem a vida dos passageiros”, pediu Jaciel.

Patrícia foi submetida a cirurgias na bacia e no maxilar. Ela também teve o baço atingido durante o acidente. Sua mãe disse que está tentando a sua transferência para um hospital particular.

Motorista confessa que sempre fazia manobra irregular

Em depoimento na 38ª DP (Irajá), o motorista afirmou que todos os dias infringia o sentido correto da Avenida Bulhões de Marechal, em Cordovil, para fugir do congestionamento. Às 6h50 de terça-feira a infração abreviou a vida do pequeno Arthur da Silva Meira, arremessado a 16 metros de distância com o choque.

De acordo com o tio do bebê, Luiz Henrique da Silva, a família saiu de casa pouco depois das 6h em direção a um posto de saúde, onde o pequeno tomaria vacina. “Cheguei a ver o ônibus vindo pela contramão, desgovernado. Ele invadiu a calçada e por pouco não me atingiu.

Minha irmã foi pega em cheio. Meu sobrinho, no colo dela, foi parar a quase 20 metros de distância”, disse em lágrimas. Inconsolável, o pai do bebê, Vítor Santos, mostrava a tatuagem feita na última semana com o nome do filho. “Saí de casa pela manhã, dei um último beijo nele, e falei como se ele pudesse entender: ‘Papai volta mais tarde’”, disse ele.

Fonte: O Dia

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