Mais da metade dos universitários na Austrália sofreu assédio sexual em 2016
Mais da metade dos estudantes de universidades da Austrália sofreram algum tipo de assédio sexual pelo menos em uma ocasião durante o ano passado, informou nesta terça-feira a Comissão Australiana de Direitos Humanos.
De acordo com um relatório de âmbito nacional baseado em 30 mil entrevistas e publicado pela primeira vez pelo órgão, 51% dos universitários na Austrália foram alvo de assédio sexual durante 2016.
Destes, 21% sofreram assédio em um “ambiente universitário”, o que inclui os campi, atividades organizadas dentro e fora dos campi e em trabalhos dentro dessas instituições.
O documento também afirma que cerca de 2.100 estudantes, 6,9% do total, sofreram alguma agressão sexual pelo menos uma vez em 2015 ou 2016.
“Hoje, pela primeira vez, temos estatisticamente dados nacionais significativos sobre a prevalência e a natureza deste problema nas universidades da Austrália”, disse a comissária de Discriminação Sexual, Kate Jenkins, ao apresentar o relatório.
O estudo definiu assédio como “qualquer conduta não desejada de natureza sexual” e determinou que os casos mais frequentes foram olhares (14%) e comentários ou brincadeiras (11%).
A pesquisa também assinalou que os estudantes transgênero e de gênero diverso são mais propensos a ataques que os heterossexuais, e que as mulheres são mais vulneráveis que os homens.
O documento indica, de forma “alarmante”, que os homens foram geralmente os que cometeram assédio e que um grande número de vítimas não notifica às autoridades de seus centros universitários sobre esses incidentes.
“Um número significativo de estudantes que foram assediados e agredidos sexualmente conhecia o agressor, que geralmente era um colega de universidade”, diz o relatório.
No caso de estudantes de pós-graduação, o assédio e as agressões foram cometidos em muitos casos por professores e orientadores, acrescentou o estudo.
A comissão incluiu no relatório nove recomendações para obter maior compromisso dos líderes universitários, melhorar a resposta institucional às denúncias e envolver órgãos independentes para revisar essas denúncias.
O Universidades da Austrália, órgão que representa o setor universitário do país, se comprometeu a adotar um plano de dez medidas, entre elas a criação de uma linha direta de apoio de 24 horas operada pelo serviço público contra a violência sexual e doméstica.
“Enviamos hoje uma mensagem clara de que esses comportamentos não são aceitáveis. Nem em nossos campi, nem na sociedade australiana”, disse a presidente do Universidades da Austrália, Margaret Gardner.
O ministro da Educação, Simon Birmingham, solicitou a todas as universidades uma resposta ao relatório e às recomendações dadas pela Comissão, indicou seu gabinete em um comunicado.