Mano Menezes entrega o cargo após goleada para o Atlético-PR
A empolgação virou humilhação. A esperança virou vexame. O apoio virou protesto. E Mano Menezes entregou o cargo de treinador do Flamengo. O Flamengo conseguiu quebrar o encanto do Maracanã e fazer a torcida, que jogava junto, se voltar contra seus jogadores e diretoria. Depois de abrir dois gols de vantagem em oito minutos, não segurou o placar e sofreu a virada, perdendo por 4 a 2 para o Atlético-PR, a primeira derrota na volta ao estádio. E Mano desistiu.
– Estamos fechando um ciclo de quatro meses, aproximadamente. Senti no resumo do jogo de hoje que não consegui passar para esse grupo aquilo que penso sobre futebol. Quando um técnico não consegue fazer isso e sente que o time está estagnado, é porque ele precisa sair – disse o treinador após a partida.
O diretor Paulo Pelaipe se mostrou surpreso e vai se reunir com a cúpula do futebol rubro-negro para analisar os próximos passos num mercado que oferece Abel Braga e Celso Roth como opções:
– Fomos surpreendidos com a decisão do treinador Mano Menezes. Após o jogo procurou a direção e disse que não era mais treinador do clube, se despediu, e nós lamentamos muito. É um grande profissional, vamos conversar com a diretoria. Estou simplesmente comunicando o fato, que nós recebemos com tristeza essa posição – disse Pelaipe.
No próximo domingo, contra o Náutico, em Recife, o Rubro-negro será comandado pelo interino Jayme de Almeida.
– Foi com essa visão, com essa ideia clara de como as coisas estavam andando ou deixando de andar, que tomei a decisão, difícil, inédita, mas que julgo ser a mais correta para que o Flamengo trilhe um outro caminho, que não seja esse, de permanecer mais próximo da zona de rebaixamento do que nas primeiras posições da tabela – concluiu Mano.
O resultado deixa o time à beira da zona de rebaixamento, com 26 pontos, na 14ª colocação. E traz de volta o clima tenso ao clube. Os gritos contra a diretoria, em especial contra o diretor Paulo Pelaipe, ecoaram no Maracanã, junto aos pedidos de “Queremos jogador” e as vaias sobre atletas como Carlos Eduardo. Agora, o Flamengo precisa desesperadamente vencer o lanterna Náutico.
O Flamengo começou o jogo de forma avassaladora. Em oito minutos, foram dois gols. O primeiro, de Hernane, no minuto inicial, após cruzamento da esquerda de Carlos Eduardo e assistência de Rafinha. Depois, Paulinho fez jogada na direita e Luiz Antonio chegou de trás, dominando e marcando em belo chute.
O Flamengo não parou. Com o Atlético-PR tentando se levantar, emplacou pelo menos mais dois contra-ataques, e poderia ter ampliado com Carlos Eduardo e Hernane e Cáceres, que cabeceou uma bola na trave.
O Brocador tentou um lance de letra e no outro tentou dar um chapéu no goleiro. Aí, a bola pune. Os paranaenses reagiram e na jogada seguinte, diminuíram. Fran Mérida escorou cruzamento de Marcelo e Paulo Victor só olhou.
O jogo esfriou e o Flamengo se mostrou capaz de oscilar de forma incrível dentro de uma mesma partida. O Atlético-PR passou a dominar as ações. A torcida, que empurrava o time, passou a pegar no pé de Carlos Eduardo, que em duas jogadas perdeu a bola de forma displicente.
No segundo tempo, como já se desenhava, foi outro jogo. Em jogada de Éverton, Delatorre fez aos oito minutos.
Símbolo da mudança de comportamento do time, Carlos Eduardo virou vilão de vez,e deu lugar a Adryan. Marcelo Moreno também entrou, no lugar de Hernane. Mas o pior ainda viria.
A torcida perdeu a paciência e o time não reagiu. Solução, Adryan deu passe errado, e Marcelo virou a partida aos 32 minutos. E tinha mais. Com requintes de crueldade, Roger fez o quarto. (Extra)