Marcas da história: Roitman, o médico que a ditadura argentina torturou, assassinou e enterrou em seu hospital

Equipe Argentina de Antropologia Forense identificou os restos da vítima, 41 anos depois de seu desaparecimento

Protesto na Praça de Maio contra a decisão que beneficiou o repressor Luis Muiña em maio.
Protesto na Praça de Maio contra a decisão que beneficiou o repressor Luis Muiña em maio. AFP

Apenas 25 metros separavam o Chalet, centro clandestino de detenção que funcionou durante a ditadura argentina no hospital Posadas, do lugar onde foi enterrado o médico desaparecido Jorge Mario Roitman. Depois de ser torturado e morto, foi enterrado a 60 centímetros de profundidade dentro do terreno do hospital, localizado na periferia de Buenos Aires. Seu corpo permaneceu desaparecido por quase 41 anos, até que no último 8 de novembro, um grupo de trabalhadores encontrou alguns ossos enquanto cavava uma vala para um esgoto. A Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) exumou os restos e uma análise genética acaba de determinar que pertenceram a Roitman. Na próxima sexta-feira será enterrado no cemitério judeu de La Tablada e horas antes seus colegas do hospital realizarão uma homenagem na porta do edifício.

“A descoberta foi casual”, contou ao EL PAÍS Zulema Chester, integrante da Diretoria de Direitos Humanos do Posadas e filha de outro trabalhador desaparecido, Jacobo Chester. “Há muitos anos pedimos que toda a área fosse escavada”, acrescenta. A EAAF conseguiu identificar através de amostras de DNA depositadas no banco genético por Alejandra e Diana Roitman, filha e irmã do médico, que conseguiram uma coincidência de 99,99%, de acordo com o Tribunal Federal 3, encarregado da causa que investiga crimes realizados por pessoal do Primeiro Corpo de Exército.

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