Marília, o fato novo

A nova de pesquisa do Datafolha, ontem, sobre o sobe e desce na sucessão municipal no Recife, está recheada de fatos que vão clareando o quadro eleitoral. Candidata do PT, Marília Arraes vem numa crescente constante, tendo subido de 18% para 21%, consolidando sua posição de segunda no ranking, abaixo apenas do candidato do PSB, João Campos, que chegou ao seu teto nos 31%, não passando mais disso.

O teto, no linguajar da leitura de pesquisas, é quando o candidato não consegue passar além daquele percentual que obteve nas anteriores. Reflete que não tem mais capacidade de ampliar, de conquistar eleitores indecisos ou “roubar” eleitores de concorrentes. Neste novo levantamento Datafolha, João, além de bater no teto, reduziu apenas um ponto a sua rejeição. Deve comemorar, porque o campeão agora nesse quesito é a candidata do Podemos, Patrícia Domingos.

No ritmo que vai, a delegada tende a perder a gordura eleitoral que vinha apresentando. Já foi ultrapassada pelo democrata Mendonça Filho, que também volta a ficar competitivo, e rejeição alta implica em murchar os índices de intenção de voto favoráveis. A leitura Datafolha permite também aduzir que Marília se mantém firme e em ascendência porque sua propaganda eleitoral no rádio e na televisão melhorou muito.

Há quem imaginasse – e já comentei isso aqui – que não havia espaço no Recife para dois candidatos de esquerda no segundo turno, mas estou me convencendo disso. Não apenas de perfis ideológicos, mas de laços familiares. João e Marília são primos legítimos, já estiveram no mesmo campo de atuação e militando no mesmo partido, o PSB. O distanciamento se deu lá atrás, quando Marília se desentendeu com o ex-governador Eduardo Campos, acentuando-se com o tempo pela sua forte oposição ao Governo do Estado e à gestão de Geraldo Júlio.

Numa disputa final entre João e Marília para onde migrariam os votos de centro direita? Eis a grande incógnita. Teoricamente, podem se dividir. Os que estão saturados de PSB tendem a votar em Marília, mesmo sendo do PT, compreendendo que a petista seria instrumentalizada para acabar o reinado do PSB na capital, primeiro passo para retirar a legenda do poder estadual, dois anos depois, nas eleições de 2022.

Na briga – O Datafolha de ontem também mostrou que o candidato do DEM, Mendonça Filho, tem mais fôlego do que se possa imaginar. Reagiu, voltou a crescer, passou a delegada e está empatado, tecnicamente, com Marília Arraes, uma diferença de apenas três pontos percentuais. Na verdade, essa reação se dá porque Mendonça parecer ter acertado o prumo da sua propaganda eleitoral no rádio e na TV. Seu guia de ontem, por exemplo, foi de alfinetadas em todos os adversários mais competitivos, mostrando um diferencial que tem em relação aos concorrentes: experiência executiva, tendo ocupado cargos que nenhum dos candidatos tenham tido oportunidade, entre eles o de governador e ministro de Estado. Um ministro, diga-se de passagem, bem avaliado, o melhor do Governo Temer, ocupando a pasta de Educação.

Campeã – A pesquisa, por outro lado, foi uma ducha fria para a candidata do Podemos, Patrícia Domingos. Além de ter recuado dois pontos percentuais, assumiu a liderança no quesito rejeição, chegando a um patamar inimaginável: ultrapassar João Campos, que detinha a liderança em reprovação. A delegada tem agora 35% de rejeição, enquanto João tem um percentual a menos – 34%. Essa crescida já tinha sido observada na pesquisa do Instituto Opinião neste blog, na última segunda-feira, e também no levantamento da Big Data, contratada e divulgada no site da CNN Brasil.

Preço caro – O que levou, naturalmente, Patrícia à liderança em rejeição foram suas provocações maldosas ao povo recifense. Chamou a cidade de “Recifilis” pelas redes sociais e insultou muita gente quando disse “ó povo feio”, numa referência aos que nasceram e moram na capital pernambucana. Esses tropeços da delegada foram explorados violentamente nas redes sociais, chegando, na verdade, a viralizar. Com razão, faça-se o registro, porque o recifense tem um traço de orgulho muito grande, chega a ser barrista, não aceitando insultos nem provocação de quem quer que seja, muito menos forasteiros.

Por: Magno Martins

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