Medicina brasileira versus medicina cubana

Há algumas semanas, um assunto – e consequentemente uma ação bastante polêmica – paralisou diversos brasileiros. Afinal, mais de 500 médicos cubanos seriam contratados para residir no Brasil e prestar atendimento nas regiões “esquecidas”, com carência sentida desses profissionais, e que, por apresentarem uma situação imensamente precária, não conseguem atrair funcionários da área da saúde.

Há, no Brasil, regiões totalmente carentes quando o assunto é saúde. Em determinados lugares que não possuem postos de atendimento, pessoas chegam a viajar até oito horas para conseguir uma consulta e nem sempre recebem atendimento digno e eficiente. Essas regiões brasileiras são tratadas por muitos como uma parte do Brasil que ainda vive no século XIX, estagnada no tempo e sem qualquer perspectiva de desenvolvimento humano.

A atitude de reunir profissionais da área da saúde para o programa “MAIS MÉDICOS” implantado no Brasil gerou muita confusão por parte de diversos médicos brasileiros, inclusive. Ao desembarcarem no Brasil, os cubanos foram vaiados e alguns foram até atacados verbalmente por profissionais brasileiros. Pensamos, entretanto, que essa confusão é momentânea e tende a arrefecer com o passar do tempo, especialmente porque as vagas do programa são aquelas não desejadas pelos profissionais brasileiros, vez que ofertadas por localidades periféricas e pouco interessantes a esses médicos.

A medicina brasileira e a medicina cubana são bastante distintas. Podemos definir a medicina brasileira como a da cura e a cubana, como a de prevenção. Médicos brasileiros trabalham buscando a cura do paciente, ou seja, o trabalho é desenvolvido depois de instalado o problema. Já os médicos cubanos cuidam da prevenção da saúde e do local, ou seja, evitam que certas doenças se instalem e tomem conta da população, pois consideram muito mais fácil prevenir do que exterminar um problema constante na população.

Diversos estudos comprovam que a prevenção é a melhor forma para se obter uma boa qualidade de vida. O ideal seria que as pessoas não procurassem um médico apenas quando se sentem mal, e sim periodicamente, para aprender a cuidar bem da saúde e do organismo e, também, para tentar evitar eventuais problemas que possam surgir com o decorrer do tempo. Por exemplo: É muito mais fácil, para a mulher, fazer exames periódicos para prevenir ou diagnosticar o câncer de mama quando no início, do que esperar a situação agravar-se, já que os índices de cura do problema diagnosticado no início são bastante altos.

Seria ideal que não só os médicos brasileiros, mas também toda a população aprendessem com os médicos cubanos muito mais sobre a medicina preventiva e buscassem praticar esse aprendizado, para que maiores problemas possam ser evitados. Ideal também seria que as nossas autoridades proporcionassem condições melhores para a população, ou seja, saneamento básico, tratamento decente de água potável e médicos dispostos a ir à luta e realmente “vestir a camisa”. Diversas regiões brasileiras sofrem com vírus e bactérias já instaladas, sendo bastante complicado exterminá-las todas rapidamente, mas um grande passo seria começar a pôr em prática a prevenção, impedindo que grande parte desses problemas tornassem ainda mais desumana a vida de brasileiros e brasileiras.

Larissa Caroline Borges de Araújo: Acadêmica de Administração de UFMS – Câmpus de Três Lagoas
Cleber Affonso Angeluci: Professor do Curso de Direito da UFMS – Câmpus de Três Lagoas

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