Médicos cubanos são feitos escravos no Brasil, denunciam entidades à OMS e OIT
Por considerar que o Programa Mais Médicos do Governo Federal oferece tratamento análogo à escravidão em relação aos médicos cubanos, representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) viajaram até Genebra, na Suíça, no último dia 6 de novembro, para alertar a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre o programa.
Esta foi a primeira viagem das entidades a Genebra para denunciar o Mais Médicos. Embora nenhum documento tenha sido protocolado na OMS e OIT, os órgãos aceitaram receber a denúncia oralmente.
“Acompanhei o presidente do CFM, Roberto Luiz D’Avila, para denunciar não só a falta de condições de trabalho, mas o fato de os médicos cubanos não receberem o salário integral (bolsa) e estarem impedidos, por força de contrato, de saírem das cidades onde trabalham. Essa determinação é escravista e vai de encontro à Constituição Federal”, afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Mario Jorge Lobo. Ele destacou que é contra a forma de contratação do Mais Médicos. “Defendemos que todos sejam submetidos ao Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos). Também sabemos que a melhor forma de suprir a demanda por médicos é realizando concurso público”.
De acordo com Mário Jorge, as entidades decidiram ir até Genebra por entender que não poderiam apresentar a denúncia à Organização Panamericana de Saúde (Opas). “O órgão apóia o Mais Médicos, além disso a atual presidente é cubana. Achamos que poderia gerar um conflito de interesses”, explicou.
Mario Jorge informou sobre a ida a Genebra na manhã desta quinta-feira (21), em coletiva de imprensa promovida pelo Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) para apresentar relatório sobre as atuais condições das unidades de saúde do Recife.