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Foto: Reprodução/Instagram |
Os pais de uma menina de 4 anos de idade chamada Bruna Brito denunciaram, através de um vídeo no Instagram, médicos da Unimed Recife após a filha deles morrer na unidade de saúde no dia 13 de dezembro de 2024. O caso foi exposto nesta terça-feira (14) pelo vereador de Timbaúba Josinaldo Júnior e pela empresária Gabriela Brito, que acreditam que a criança tenha sido derrubada enquanto estava entubada.
De acordo com a denúncia, Bruna teve um resfriado e deu entrada na ala de Urgência da Unimed com suspeita de amigdalite, inflamação das amígdalas, que são órgãos do sistema imunológico localizados na parte de trás da garganta.
A princípio, uma médica teria recomendado a aplicação de uma injeção com benzetacil, indicada para o tratamento de infecções causadas por microrganismos sensíveis à penicilina G. Os pais se opuseram à aplicação, mas posteriormente concordaram com a injeção.
Mesmo com a dose, a criança não apresentou melhora e os pais retornaram para Unimed no dia seguinte para fazer exames. De acordo com o pai de Bruna, no terceiro dia a médica afirmou que a Benzetacil não se tratava de um “remédio de dor de cabeça” que resolveria o problema em “10 minutos”.
“Ela não gostou que a gente estava divergindo da opinião dela. Como a gente vê muitos médicos hoje em dia, que se a gente não acatar o que eles falam, se a gente confrontar de qualquer forma que seja, a soberba é muito grande”, complementou a mãe da criança no vídeo.
Além disso, após os pais de Bruna retornarem novamente para a unidade de saúde, a médica disse para a menina ser levada para uma UPA. Mas os pais decidiram levar a criança para a Urgência de Otorrinolaringologia da Unimed, pois ela já estava sem se alimentar e debilitada.
A criança de 4 anos foi submetida a uma tomografia com sedação, porém a mãe estranhou a quantidade de sedativo colocado pelas enfermeiras e disse que uma delas teria afirmado que “com essa dose cavalar de sedação” já estaria “em Nárnia há muito tempo”. Gabriela destacou na denúncia que o exame durou mais do que o tempo normal, que seria de 20 minutos.
Após isso, as enfermeiras informaram aos pais que a menina não poderia realizar o exame pois estava com a garganta fechada. As profissionais tentaram acordar a criança, mas não tiveram sucesso.
Gabriela relata que aproveitava as brechas da porta da sala de exame para ver a situação da filha.
“Um exame que demoraria 20 minutos demorou 4 horas. Foram 4 horas em pé de angústia. É até difícil de falar. Em cada momento que aquela porta se abria um pouquinho, a gente tentava ver pela brecha o que estava acontecendo. E a gente via, em muitos momentos, ela [a enfermeira] ajudando Bruna a respirar com aquela bomba. Muitas coisas aconteceram naquela sala que a gente não sabe”.
Bruna foi levada para a Emergência Pediátrica de ambulância, onde os profissionais se surpreenderam ao verem a criança extubada. Com isso, a menina foi entubada e antes de ser levada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uma enfermeira teria gritado e chamado uma médica e foi possível ouvir um vazamento de oxigênio.
A mãe acredita que os profissionais teriam derrubado a criança, uma vez que viram uma enfermeira com sangue no fardamento. Momentos depois, uma médica informou aos pais que Bruna havia morrido por hemorragia pulmonar, causa a qual a mãe não acreditou. Por isso, a declaração de óbito e a Polícia Civil foi acionada para levar o corpo da criança para o IML.
O laudo do IML ainda não foi repassado para os pais de Bruna e foi informado que foram solicitados dois exames através de empresas terceirizadas. Por isso, o prazo de 30 dias para divulgação do resultado não se aplica.
A Polícia Civil de Pernambuco informou que instaurou inquérito para apurar o fato e que a investigação está sob coordenação da Delegacia de Polícia de Crimes contra Criança e Adolescente (DECCA/DPCA).
O caso também foi denunciado ao Conselho Regional de Medicina do Estado de Pernambuco (Cremepe), que confirmou ter recebido a denúncia e “que todas as sindicâncias instauradas pela autarquia correm em sigilo processual para não comprometer a investigação”.
O que diz a Unimed
Por meio de nota enviada ao Diario de Pernambuco, a Unimed Recife afirmou que “lamenta profundamente a perda da paciente Bruna Brito Barbosa de Araujo, e se solidariza com a dor da família da criança”.
A unidade “esclarece que toda a assistência foi prestada pela equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros, técnicos e demais profissionais, e que todos os procedimentos realizados durante o atendimento à paciente foram pautados nas melhores práticas de medicina baseadas em evidências”.
“A respeito do direcionamento ao SVO, esclarecemos que esta é a conduta legal prevista pela portaria Nº 1405/2006 do Ministério da Saúde do Brasil, que estabelece a Rede Nacional de Verificação de Óbito e Esclarecimento de Causa Mortis – SVO como órgão responsável pela avaliação de mortes por causas não violentas, que possui formulário de encaminhamento padrão, fornecido pela Secretaria Estadual de Saúde – SES”, destaca a Unimed.
Por fim, a nota pontua que a Unimed está repassando as informações solicitadas pelos pais da criança com transparência.