Miguel inicia mandato em Petrolina com articulação federal e garantindo palanque dos Coelho

Foto: Divulgação
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Com o pai senador e o irmão ministro, Miguel Coelho (PSB) inicia neste domingo (1º) o mandato em Petrolina já com garantia de verbas e de articulação com o governo federal. O apoio de Brasília, através de recursos, pode resultar em uma gestão com menos dificuldades de driblar a crise. Mas demonstra também uma estratégia tanto do PSB de Fernando Bezerra Coelho quanto do PMDB do presidente Michel Temer para angariar votos do principal polo do Sertão pernambucano nas eleições de 2018.

A primeira parceria, de R$ 4,5 milhões, será assinada com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) na segunda-feira (2). O dinheiro será para perfurar poços e instalar equipamentos que garantam o abastecimento de água na zona rural, uma das promessas de campanha de Miguel Coelho.

Os gestos de aproximação com o governo federal começaram antes, menos de um mês após a eleição do socialista. Acompanhado do pai e do irmão, o ministro Fernando Filho (Minas e Energia, uma das pastas mais importantes do governo), foi um dos primeiros prefeitos eleitos a ter reunião com Temer no Palácio do Planalto.

Foto: Carolina Antunes/Presidência da República
Foto: Carolina Antunes/Presidência da República

A família também bateu à porta do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), e de doze ministros – entre eles os também pernambucanos Bruno Araújo (Cidades) e Mendonça Filho (Educação), além dos ex-titulares da pasta da Cultura, Marcelo Calero, e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Já em novembro, o secretário nacional de Atenção à Saúde, Francisco de Assis Figueiredo, foi chamado por FBC a Petrolina para conhecer a situação das unidades e estrutura possíveis investimentos.

A avaliação do cientista político Thales Castro, da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), é que o próprio presidente tem interesse na aproximação com Miguel Coelho, na mesma medida em que o prefeito quer o dinheiro para facilitar a sua gestão. “O presidente Michel Temer precisa apoiar alguns municípios estratégicos para 2018. É um presidente impopular, então precisa costurar apoios”, argumenta. “É uma união de dois lados.”

Mas Temer não é o único que precisa politicamente de uma boa gestão de Miguel. O pai dele tem defendido publicamente a candidatura à reeleição do governador Paulo Câmara pelo PSB, de quem tem se afastado nas opiniões. Devido às divergências entre as duas lideranças, diz-se nos bastidores que FBC teria interesse no Governo de Pernambuco, quatro anos após o ex-governador Eduardo Campos bancar a candidatura de Câmara. Nessa movimentação, para a vitória do filho, o senador fez as pazes com o outro lado do clã dos Coelho, após 30 anos de rompimento, levando Guilherme Coelho, do PSDB, para a campanha e o grupo dele para a prefeitura.

E o mandato que começa agora é visto realmente como uma demonstração de força política do senador, garantindo um palanque para ele caso o governador não tente reeleição. “Ele diz que vai defender a reeleição de Paulo Câmara, mas fica sempre uma demonstração de musculatura dos Coelho, uma capacidade de articulação e de capilaridade política”, afirma Thales Castro.

A análise do cientista político é que, mesmo não havendo a divisão no partido e seja concretizado em dois anos o lançamento do governador para tentar permanecer no Palácio do Campo das Princesas, a gestão de Miguel Coelho também é importante para fortalecê-lo – e consequentemente também dar força ao PSB – naquele eixo do Sertão.

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“Mostra um mapa de cálculo político como ele pode ter estratégia de abordagem, de comunicação e articulação com os prefeitos no entorno, orbitando em torno de Petrolina”, explica, citando como exemplo o município de Santa Maria da Boa Vista, que está sob influência econômica da cidade. “Quem está com o poder da caneta, da máquina, tende a ter vantagem competitiva muito grande por ter mais espaços de inserção na mídia, por exemplo”, pondera. Ou seja, ganha FBC, mas também ganha o grupo do governador, divergente. (Jamildo Melo)

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