Militante denuncia ameaças e cobra proteção do Governo de Pernambuco

Por Raphael Guerra 

Eleonora Pereira, militante há 30 anos, é conhecida pela luta em favor dos direitos humanos. Foto: Arquivo Pessoal

A enfermeira Eleonora Pereira da Silva, de 53 anos, é conhecida em Pernambuco pelo incansável trabalho em favor dos direitos humanos. Ao todo, três décadas de luta. Em 2011, depois de ter o filho assassinado por motivações homofóbicas, ela criou o instituto Mães pela Igualdade, reforçando o combate ao preconceito. Mas, atualmente, a militante soma uma outra luta: ela clama para que o Governo do Estado a proteja de ameaças que vem sofrendo nos últimos meses.

Ex-moradora de Jardim São Paulo, no Recife, Eleonora afirma ter deixado a casa porque corre risco de morte. “Quando meu filho foi morto, mudei de endereço porque saiba que o mesmo poderia acontecer comigo. Pedi proteção do Estado, eles diziam que estavam me dando segurança, mas, na prática, eu não sentia. Em 2016, consegui sair do País graças a uma ONG internacional que me ajudou. Mantive minha luta à distância”, conta.

Eleonora diz que, desde novembro do ano passado, ao retornar ao Recife, novamente passou a cobrar proteção do Governo do Estado, porque as ameaças não cessaram, mas teve o pedido negado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Enquanto não resolve a situação, ela está morando em outro bairro da capital.

“Na semana passada, estive na minha casa, em Jardim São Paulo, para organizar algumas coisas porque pretendo voltar. Encontrei um dos homens que planejou a morte do meu filho. Soube também que outros homens estavam perguntando se eu iria voltar para lá. Estou com medo.”

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) acompanha o caso. O promotor de Justiça Maxwell Vignoli encaminhou ofício à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos solicitando esclarecimentos sobre o pedido de proteção negado à militante.

A história de Eleonora Pereira chama ainda mais a atenção porque lembra o caso de Jean Willys, que desistiu de assumir o cargo de deputado federal, em Brasília, porque estava recebendo constantes ameaças de morte. Ele decidiu morar no Exterior.

Em Pernambuco, como revelado pelo Ronda JCao menos 57 policiais militares fazem a segurança de políticos, promotores de Justiça, militantes e juiz. Eles estariam sofrendo algum tipo de ameaça, por isso contam com um esquema de proteção. Esses dados foram fornecidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

MOBILIZAÇÃO

No próximo dia 14 de março, quando se completa um ano do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco, militantes de direitos humanos farão uma mobilização para lembrar a data e também para cobrar mais proteção às mulheres que lutam pelo povo. “Essas mulheres são invisíveis, tratadas desumanamente. A maioria é negra e líder comunitária”, desabafa Eleonora. (JC)

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