“Minhas namoradas sempre são minhas musas”, diz a fotógrafa Victoria Bicudo
Victoria tem 28 anos, Helena tem 27. Victoria tem dois irmãos, 41 tatuagens, uma lista de ex-namoradas. Helena é filha única, tem duas tatuagens e está apaixonada por uma menina pela primeira vez. Victoria é transada e estilosa, parece um menino bonito. Helena é delicada e perfeitinha, tem cara das princesas que como atriz já foi escalada para interpretar. Vicky e Le são um casal há seis meses.
Vicky sabe que gosta de meninas desde que assimilou a noção de atração. “Desde antes do pré-primário”, exagera. Aos 16 ficou com a primeira e a partir dessa, com muitas outras. “Quando eu descobri que podia ficar com meninas, nunca mais parei. Queria ficar com todas as mulheres bonitas que apareciam.” Aos 18 teve uma experiência que definiu o seu padrão de relação. “Estava namorando, me dava bem, a gente se via todo dia. No primeiro mês eu a traí. Me senti super mal, contei para ela, pedi perdão. Daí eu vi que mulher comigo é uma de cada vez. Eu posso terminar com uma e ficar com outra no mesmo dia, mas não vou trair.”
Helena achava graça nas meninas e até já tinha beijado Vicky anos atrás, num desses encontros sem compromisso que se permitia no passado. “Eu morava com a minha mãe, nem me passava pela cabeça ter de enfrentar tudo isso. Fiquei com ela e com outras meninas, mas não me dava a chance de ser algo profundo.” Enquanto isso, ia namorando meninos, mas enjoava muito rápido e estava sempre insatisfeita. “Cheguei a achar que não tinha vocação para me relacionar.” Agora ela percebe que está vivendo a sua primeira história de amor. “O sentimento é de que estou tendo uma relação de verdade.”
Vicky já quis ser veterinária, estudou gastronomia, se encontrou na fotografia. “O que me pega na cozinha é a rotina. Enquanto você está aprendendo é um tesão, depois todo dia é igual. O que me puxa para a foto é a diversidade.” Prefere registrar cenas espontâneas, e dois de seus temas favoritos são dança e animais. E, atualmente, Helena. “Sempre tenho minhas namoradas como musa. Quando estou sozinha, faço autorretratos.”
Vicky mora com o pai, a irmã mais nova, a mulher do pai e sua pit bull Guilhermina. Helena frequenta a sua casa tranquilamente. “Com minha mãe sempre foi tudo muito natural, com meu pai eu não tinha uma relação muito próxima. Eu não a agarro na frente dele, mas está ficando tudo mais normal.” Helena mora sozinha num apartamento com o gato Mano, que adotou junto com Vicky. O projeto das duas é mudar para dois apartamentos vizinhos, um para Vicky e Guilhermina, outro para Le e Mano.Helena queria ser atriz, estudou Artes do Corpo na PUC (sim, esse é um curso superior), teve aprendizado prático de maquiagem nos trabalhos eventuais que apareciam – muitos deles eram eventos infantis em que personificava a Bela ou a Branca de Neve. Trabalhou como vendedora para a marca de cosméticos MAC, aprendeu técnica, gostou da experiência. Está deixando a carreira de atriz de lado e pretende investir no blog de maquiagem “Melhor que Chocolate”. “Porque não engorda”, explica.
Cada uma do seu jeito, as duas estão vivendo uma experiência afetiva diferente pela primeira vez. “Gosto do lance de ter uma companheira, sou muito tímida, nunca gostei de balada. Com a Le eu vejo futuro, é uma coisa que eu não tinha tido ainda. A gente está na mesma vibe”, diz Vicky. Para Le é tudo novo: o amor, a cumplicidade, o sexo. “O sexo é muito importante, foi o que me fez entender do que eu não gostava. Com meus namorados eu perdia o desejo logo, fazia sexo por fazer, eles viravam melhores amigos. Com a Vicky não, as coisas fluem naturalmente. Era isso que eu estava procurando.”
Fonte: iG