Ministério da Justiça concede anistia política a Carlos Mariguella

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu o certificado de anistiado político a Carlos Marighella. A sessão comemorou ainda o centenário de nascimento de Marighella, um dos principais nomes da resistência à ditadura militar no Brasil após 1964, e deu lugar ao lançamento do livro “Rádio Libertadora, a palavra de Carlos Marighella”. O livro foi organizado por Iara Xavier Pereira, em parceria com o Ministério da Justiça.

“Passei minha vida esperando para que momentos como este fossem acontecendo. Sempre tive certeza de que era minha obrigação lutar para que a dignidade do meu pai fosse restabelecida e vejo sempre com gratidão as instituições, os movimentos e as personalidades de nossa vida política reconhecerem”, disse o filho do ex-guerrilheiro, Carlos Marighella Filho.

A senadora Lídice da Mata (PSB\BA) traçou um paralelo entre o cenário atual do país e a luta encampada pelo ex-líder. “Nesses dias em que nosso povo, parece ter descoberto a força da ação coletiva nas ruas, é oportuno lembrar um homem que acreditava na política como um instrumento para a transformação das sociedades, que acreditava na necessidade de partidos como instrumentos coletivos de ação política e que acreditava como poucos na Justiça e na liberdade. E que ofereceu sua própria vida como exemplo de integridade e amor ao povo”.

Biografia

Carlos Marighella nasceu no ano de 1911, em Salvador, na Bahia. Filho de um migrante italiano, o operário Augusto Marighella, e de uma negra e filha de escravos Maria Rita do Nascimento, iniciou sua militância no PCB (Partido Comunista Brasileiro) na década de 1930. Esteve preso por várias ocasiões, todas elas relacionadas à militância política.

Iniciou os estudos no Ginásio da Bahia, hoje Colégio Central. Em 1929 ingressa no curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Bahia. Foi eleito deputado federal em 1945, e teve o mandato caçado em 1948. Fundou a ALN (Ação Libertadora Nacional), organização clandestina que defendia a luta armada em defesa da liberdade e dos direitos civis cerceados pelos governos militares. A decisão de fundar a ALN foi tomada após o ex-guerrilheiro ter saído do PCB no ano anterior, em 1966.

Em 1968 a ALN realizou ações armadas e assaltos a bancos com o objetivo de conseguir dinheiro para sustentar a própria luta armada e construir um partido dissidente da linha política praticada pelo PCB. Nesse período a ALN, com o apoio do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) realizou o sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, cuja libertação foi posteriormente negociada pela soltura de outros quinze presos políticos.

Considerado inimigo público número um do governo militar, com o rosto impressão em cartazes de “procurados”, Marighella chegou a redigir o Mini-manual do Guerrilheiro Urbano. Foi morto numa emboscada montada por agentes do DOPS (Departamento de Ordem Pública e Social) em São Paulo, às oito horas da noite, em 4 de novembro de 1969. (Última Instância)

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