A Controladoria Geral da União (CGU) investiga denúncias de assédio moral e racismo contra o Ministério das Mulheres, comandado por Cida Gonçalves. De acordo com o portal Alma Preta, servidoras e ex-funcionárias da pasta relataram, sob anonimato, um ambiente de trabalho marcado por perseguição, pressão excessiva e discriminação, especialmente contra mulheres negras.
Entre os principais alvos dos ataques estaria Carmen Foro, ex-titular da Secretaria Nacional de Articulação Institucional, Ações Temáticas e Participação Política (SENATP), que ficou no cargo até agosto deste ano.
Carmem e sua equipe teriam relatado pressões e assédio moral praticados pela ministra Cida Gonçalves. A ex-chefe da SENATP foi exonerada enquanto estava afastada por problemas de saúde mental, supostamente decorrentes do ambiente de trabalho no ministério.
Gravação
Na reportagem divulgada nesta segunda (21), o Alma Preta relatou o acesso a uma gravação de uma reunião interna, realizada após a demissão de Carmen Foro, no dia 12 de agosto.
Na gravação, a ministra supostamente faz críticas diretas a Carmem, acusando-a de se concentrar em atividades eleitorais no Pará, mirando as eleições de 2026, ao invés de suas atribuições no ministério.
Além disso, Cida Gonçalvez teria insinuado que as servidoras que integravam a equipe de Carmem poderiam perder seus cargos, dependendo da avaliação sobre a nova secretária.
“Pode ser que boa parte de vocês também saia, ou não, depende de como vai ser o processo da nova secretaria. A princípio, eu tinha dito para a Carmen que quem veio com ela tinha que ir”, teria afirmado a ministra em um trecho da reunião, de acordo com o portal.
Ela também teria ressaltado que tinha conhecimento do que acontecia nos bastidores da pasta: “E se vocês acham que eu não sei o que acontece nos corredores, eu sei. Cara, eu sei tudo”.
Racismo
Outro episódio mencionado envolve um suposto comentário de Maria Helena Guarezi, que teria feito uma observação sobre o cabelo crespo de Carmen Foro em uma reunião, o que foi interpretado como um ato de racismo por parte das pessoas presentes. Segundo o Alma Preta, a ministra Cida Gonçalves foi informada do ocorrido, mas não teria tomado providências.
Saúde mental
Além desses incidentes, o portal destaca relatos de funcionárias sobre um ambiente de trabalho descrito como “adoecedor”, com casos de crises de ansiedade, burnout e afastamentos por problemas de saúde mental.
As servidoras entrevistadas afirmaram que a pressão no ambiente de trabalho aumentou desde o início da atual gestão, levando a um número significativo de exonerações e pedidos de afastamento.
Reposta do ministério
Em nota, o Ministério das Mulheres declarou que não recebeu denúncias formais de assédio moral e que realiza ações internas, como oficinas sobre o tema, para prevenir e lidar com possíveis casos. A pasta também destacou que seu Programa e Plano de Integridade estão em fase de finalização, em conformidade com as orientações da Controladoria-Geral da União.